Com o Dia das Crianças chegando, você já parou para pensar sobre o presente do seu pequeno? Que tal algo que vá além do brinquedo tradicional — um microfone com caixa de som, um kit karaokê, ou qualquer item que desperte o gosto pelo palco e pela expressão artística?
Pouca gente reflete sobre isso, mas boa parte dos adultos que têm dificuldade de se apresentar em público carrega marcas da infância. Em muitos casos, não houve oportunidades de exposição positiva, e quando elas apareciam, a falta de maturidade diante de brincadeiras, risadas ou até do bullying de colegas e professores deixava como herança traumas e crenças limitantes sobre palco, plateia e microfone. É trágico, mas uma realidade comum.
Não podemos controlar o que os outros vão dizer, pensar ou fazer — se vão julgar, rir, vaiar ou criticar. Mas podemos controlar como reagir. Aprender a encarar o público, superar o medo e se expor cada vez mais é o segredo para vencer a glossofobia (medo de falar em público), a ansiedade e o peso dos julgamentos. E quanto mais cedo esse processo começa, melhor.

Se as crianças tivessem mais oportunidades de subir ao palco, certamente chegariam à vida adulta com mais desenvoltura para se comunicar. Por isso, é essencial que os pais incentivem esse aprendizado desde cedo. Essa preocupação não deve surgir apenas se o filho for tímido ou introspectivo — os extrovertidos também precisam de estímulo para desenvolver suas habilidades e canalizar sua espontaneidade de forma criativa e confiante.
Em outras palavras, não importa se seu filho (ou filha) é introvertido ou extrovertido: aposte nos palcos. Teatro, música, discursos, saraus de poesia, literatura — o formato é o de menos. O importante é criar experiências que estimulem a fala em público, para que os medos sejam enfrentados com naturalidade e os traumas sejam superados com prática e vivência. Crie cenários agradáveis de acordo com o gosto da criança, mas mantenha o palco e o público como parte do processo. A criatividade dos pais faz toda a diferença — e o resultado, no futuro, será motivo de gratidão.
O que fazer para desenvolver a oratória e as habilidades comunicacionais desde cedo?

- Teatro: uma excelente oportunidade para falar diante de uma plateia. A criança aprende a decorar textos, desenvolver expressão corporal e vocal, e ganha confiança para se expor. É uma das melhores formas de vencer o medo do público.
- Dança: ideal para quem gosta de música, mas prefere expressar-se com o corpo. Ainda que a fala não seja o foco, a dança ajuda a lidar com o olhar dos outros e a vencer o medo da exposição — um ótimo começo.
- Música e canto: cantar ou tocar um instrumento ajuda a lidar com o erro e a exposição. O cantor, especialmente, desenvolve controle vocal e presença de palco, o que fortalece a fluência e a tranquilidade ao falar em público.
- Stand-up comedy: se a criança tem senso de humor natural, gosta de fazer os outros rirem e tem espontaneidade, essa pode ser uma opção divertida e poderosa para aprimorar a oratória e a confiança.
- Desfile: para crianças que gostam de moda e se sentem bem no centro das atenções. Embora o foco seja mais visual, há espaço para fala e autodescrição, o que contribui para vencer a timidez e se acostumar com a plateia.
- Sarau de poesia, literatura ou Bíblia: excelente para quem aprecia leitura e gosta de contar histórias. Desenvolve o storytelling, a interpretação e a conexão emocional com o público — habilidades essenciais para qualquer comunicador.

A escolha da modalidade deve ser feita em conjunto entre pais e filhos, de forma leve e prazerosa. Não pode ser uma obrigação penosa, mas sim uma descoberta divertida. Caso haja resistência, cabe aos pais orientar com firmeza, mostrando que é possível escolher entre várias opções para desenvolver a comunicação e a oratória.
Neste Dia das Crianças, pense em como você pode contribuir para formar um adulto confiante, expressivo e sem medo de falar em público. Começar desde cedo é um presente que vai muito além do palco — é um investimento para a vida.