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Quinto Ato
Quinto Ato

Um ator que se agita no palco

Afinal o que é a vida sobre a Terra? Criar a família? Amar a Deus sobre todas as coisas? Ganhar a maior quantidade de dinheiro possível e controlar os outros homens?

Theófilo Silva

06/10/2022 5h00

Atualizada 05/10/2022 12h19

Fico me perguntando como seria a humanidade se todos vivêssemos sob o império da verdade. Uso o termo império no sentido de signo, de verdade absoluta. Para a maioria dos homens, a verdade é um grande estraga prazeres, e o mundo seria totalmente sem graça caso a verdade fosse o emblema de todos. Essa discussão, com certeza, cabe à filósofos como Platão, Kant, Spinoza (citando apenas os mais preocupados com a ética). Mas, não custa dar algum palpite.

Leitores e amigos me acham pessimista. Como alguém escreve sobre coisas negativas, quando há tanto o que comemorar no mundo? Acham que eu deveria me deter nas vitórias e conquistas da humanidade, em vez de ficar choramingando e criticando as pessoas, os homens públicos e as instituições. Pode ser! Acho que a vida deve ser celebrada todos os dias. Pena é que não são muitos os que têm motivos para comemorar. Por que não dedicar sua vida a lutar por eles, os desvalidos? Não mais que 10% da população mundial vivem confortavelmente. Isso de um total de quase 8 bilhões de seres humanos que habitam o planeta Terra. Façamos as contas e vamos perceber que a quantidade de pessoas que ficam de fora do bolo é aterradora.

E o mundo é muito desigual. Dezenas de fatores de toda ordem contribuem para que grupos de seres humanos espalhados pelo planeta sejam afetados por desgraças das mais diversas, desde problemas de ordem geográfica, como clima, relevo, solo, a questões de ordem cultural, étnica, social, religiosa e institucional. A soma de alguns desses fatores é o bastante para que todo um agrupamento humano, ou até mesmo uma nação, vivam sob o signo da miséria, tornando a questão desesperadora. Muitas nações já conseguiram prover, dar de tudo para seus cidadãos, pelo menos em termos materiais isso ocorre. Já outras não conseguem alimentar seu povo. É o caso do Brasil, um país rico, mas atolado na corrupção e na impunidade.

Todos nós, à exceção de um número ínfimo de estudiosos, achamos que temos a resposta para esse cruel estado de coisas. Passando pela religião, pela antropologia, pela história, todos querem fornecer respostas. Ao longo dos últimos séculos, todas as respostas caíram espetacularmente. O homem aprendeu a domar muitas das forças da natureza e debelou a maioria das doenças que dizimavam a humanidade. Melhorou muito suas condições de vida, mas ainda há muito, muito a fazer. A vida do homem na terra ainda não deixou de ser a vida de um animal na selva, de luta brutal pela sobrevivência – Darwinista, mesmo – em que os mais fortes se sobrepõem aos mais fracos e, os mais aptos pegam os nacos disponíveis. Dá nojo participar desse jogo cruel!

Para alguns, Deus não passa de uma invenção. Para outros, ele é o criador de tudo — e várias vezes culpado de tudo. Os grandes líderes místicos, Jesus, Buda, Maomé, com o objetivo de tornar o mundo mais pacífico e melhor de se viver, criaram as religiões e ensinaram mensagens de paz, amor e bem-querença. Com o tempo tiveram seus ensinamentos desvirtuados, e algumas religiões tornaram-se organizações criminosas. A ciência nos deu muito, nos tirou algumas coisas e foi a maior responsável por nossa sobrevivência e multiplicação.

Afinal o que é a vida sobre a Terra? Criar a família? Amar a Deus sobre todas as coisas? Ganhar a maior quantidade de dinheiro possível e controlar os outros homens? Não sei. Talvez a vida seja o que era para a personagem de William Shakespeare, o rei Macbeth, antes da morte em batalha: “A vida é uma sombra que passa, um pobre ator que se agita um instante no palco, é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, nada significando.”

Faço essas reflexões porque o Brasil está em meio a uma guerra política, numa das eleições mais difíceis da história da República. Espero que o povo brasileiro saiba escolher o melhor dirigente para o Brasil. E posso dizer, sem relutância, que nosso mandatário atual não é esse homem!

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