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Quinto Ato
Quinto Ato

Bicentenário eleitoral

O 7 de setembro foi usado para Bolsonaro fazer campanha eleitoral, atacar as instituições brasileiras e fazer comentários machistas e vulgares

Theófilo Silva

15/09/2022 5h00

Atualizada 14/09/2022 18h20

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Quase todos os países do mundo têm seu dia nacional, uma data comemorativa para celebrar com seu povo, uma espécie festa de aniversário da nação. Assim, o Brasil tem o 7 de setembro, o Dia da Independência, data em que deixamos de ser colônia de Portugal. A França tem o 14 de Julho, a Queda da Bastilha, quando teve início a Revolução Francesa. Os Estados Unidos da América têm o 4 de Julho, a dia da libertação do jugo da Inglaterra. A Itália tem o 25 de abril, que marca o fim da ditadura fascista de Bento Mussolini. A Inglaterra festeja o aniversário do Rei ou Rainha que ocupam o trono. A África do Sul tem o 18 de julho, o “Mandella”s Day”, dia do aniversário do líder Nelson Mandela. E assim, praticamente toda as nações do mundo comemoram “o seu aniversário” em uma data de grande relevância para sua existência e envolvem todo o seu povo com festas e desfiles mostrando para o mundo o que têm de melhor.

Trouxe essas lembranças históricas para falar sobre o 7 de Setembro último, a comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil, um momento histórico desses duzentos anos em que nos libertamos do domínio português. Ainda criança, assisti aos festejos do Sesquicentenário, em 1972, no auge da ditadura militar, governo Médici, e posso dizer que nem naquela época sombria os militares ousaram sequestrar aquela data na forma como foi feita pelo capitão expulso do exército que ocupa a Presidência do país. Foi um insulto e um acinte à Constituição e ao povo brasileiro. O 7 de setembro foi usado para Bolsonaro fazer campanha eleitoral, atacar as instituições brasileiras e fazer comentários machistas e vulgares.

Não bastasse a grosseria, a estupidez de seu comportamento, ele, em momento algum fez referência aos heróis da independência, como José Bonifácio ou Dom Pedro I. Ou mesmo sobre Tiradentes, esquartejado pelos portugueses. Cobro isso de Bolsonaro, mas com certa relutância, já que sei que ele é um ignorante, e é bem possível que ele sequer saiba a resposta aquela pergunta que nossos coleguinhas faziam na sala de aula, quando tínhamos 8 ou 9 anos de idade: “Quem proclamou a independência do Brasil?”. O garoto, se não soubesse responder, era chamado de burro pelo amiguinho. Enfim, era um teste de conhecimentos gerais realizado por crianças em disputa umas com as outras. Só que no caso de Bolsonaro é diferente, já que ele conta com uma gigantesca assessoria para informá-lo sobre isso. No entanto, sabemos o quanto ele é grosseiro e tacanho, pouco se importando com a veracidade dos fatos, já que educou seus filhos para mentirem o tempo todo. Ele mente o tempo todo. Transformou a mentira na alavanca para movimentar a manada de estúpidos e trogloditas que o cercam. Um horror.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve tomar providências e acatar os diversos pedidos dos partidos políticos para que puna Bolsonaro por ter utilizado o 7 de Setembro para fazer campanha eleitoral. Trata-se de um comportamento inaceitável, um presidente da República que é candidato a reeleição fazer isso. Usar o 7 de setembro para pedir votos é crime eleitoral e Bolsonaro precisa ser punido. Suas ações demonstram desespero, medo de perder a eleição, já que 51% do povo brasileiro já declarou que não vota nele de jeito nenhum.

Quando vejo Bolsonaro falando, lembro-me da peça Tróilo e Créssida, de Shakespeare ambientada na Guerra de Tróia, exatamente no mundo dos militares, em que o bardo faz brilhantes reflexões sobre a natureza dos homens. Tem uma fala em que um rapaz em conversa com a jovem Créssida, descreve Ajax, um dos guerreiros gregos. Diz ele: “Esse homem, senhora, roubou muitas características dos animais: é valente como o leão, grosseiro como o urso, lento como o elefante; é homem em quem a natureza armazenou tal variedades de temperamentos que seu valor é deformado pela loucura… tem as articulações de todas as coisas, mas todas as coisas tão desarticuladas que tornou-se um monstrengo doentio. Ele usa o espírito no ventre e o ventre na cabeça”. Bolsonaro é um homem deformado pela loucura, que usa o ventre na cabeça. Portanto, não pode dar as cartas em qualquer lugar que seja. Espero que a Justiça Eleitoral o condene por seus inúmeros crimes. O Brasil não aguenta mais.

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