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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

Sexualidade e maternidade

No episódio do podcast desta semana, convidei minha mãe para um bate-papo sobre maternidade e autocuidado.

Lu Miranda

24/05/2024 11h48

Husband kissing a baby bump

Esta semana, convidei minha mãe para participar do meu podcast “Muito Prazer, Luisa Miranda”. O que me motivou foi a importância de entendermos como a relação com nossas mães influencia quem somos. Suas sexualidades, religiões, crenças e valores desempenham um papel crucial na nossa formação. Muitas vezes, elas se tornam as cuidadoras do lar e da família, abrindo mão do próprio prazer.

No meu consultório, atendo muitas mulheres que, após terem filhos, precisam reaprender a cuidar de si mesmas. Em uma sociedade machista como a nossa, ser mãe e boa amante pode ser um grande desafio. A maioria das mães que conheço e atendo compartilha um sentimento comum: a culpa de deixar o outro de lado para cuidar da própria sexualidade. Não estou falando apenas do ato sexual, mas do cuidado abrangente consigo mesmas, que inclui vida íntima, afetiva, sexual, profissional e religiosa.

Existe uma mulher antes da maternidade, e ela deve continuar existindo, não apenas porque isso é saudável para a relação familiar, mas porque somos melhores para os outros quando somos gentis conosco mesmas. A culpa impede esse autocuidado. De onde vem essa culpa? Quem nos fez acreditar que cuidar de si mesma é egoísmo quando se é mãe?

Em quase treze anos de atendimento, percebi que ser mãe exige sacrifício e dedicação, mas também é necessário aprender a olhar para si mesma e questionar diariamente esse lugar de culpa. Isso requer cooperação do parceiro, pois é comum no consultório ouvir homens com altas demandas sexuais, enquanto suas parceiras, embora felizes, se sentem sobrecarregadas e exaustas.

A cobrança sexual masculina frequentemente acompanha mães e mulheres em relacionamentos heteronormativos. A falta de empatia e sensibilidade dos parceiros diante da nova realidade delas causa angústia e solidão, sentimentos que não motivam sexualmente. Então, que tal repensar?

Acolhimento, parceria, comunicação eficaz, companheirismo, maturidade, responsabilidade e presença afetiva são os verdadeiros motivadores relacionais e sexuais. Falar sobre sexualidade e maternidade nos obriga a falar sobre masculinidade. Em um contexto machista, discutir o feminino é também discutir o masculino, que deveria se complementar ao invés de se opor.

Concluir esse assunto é um desafio, pois envolve profundidades que precisam ser trazidas à tona. Todavia, comparado a outros momentos históricos, é um privilégio abordar essa temática e dar voz a muitas mulheres que desejam compartilhar suas experiências com a maternidade.

O podcast com minha mãe, Vera Ligia, vai ao ar no dia 24 de maio e estará disponível no YouTube. O link estará no meu Instagram @lumirandasexologa.

Até lá!

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