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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

Pornografia, o vício silencioso

Normalmente, o público masculino começa a ter acesso a conteúdos eróticos e adultos por volta dos 10-12 anos, influenciando diretamente na percepção de sexo e tratamento para com as mulheres

Lu Miranda

03/05/2023 10h00

Arte: Lu Miranda

Tem sido cada vez mais frequente em meu consultório receber demandas que envolvem a pornografia. Pessoas, em sua maioria homens, com mais de 10 anos de consumo de conteúdos deste tipo, dedicando-se à prática semanalmente — às vezes até todo dia.

Normalmente, o público masculino começa a ter acesso a conteúdos eróticos e adultos por volta dos 10-12 anos, e quando chega aos 25 anos, em média, ele passa a tirar suas conclusões sobre o que é sexo e como deve ver e tratar as mulheres, normalmente sem muita maturidade para questionar esses modelos.

Mas a conta chega.

O que tem acontecido com frequência é uma insatisfação das parceiras dizendo que não são vistas, desejadas e admiradas pelos parceiros, o que afeta indiretamente várias outras coisas como conexões, momentos de qualidade e autopercepção de ambos.

O dia a dia com suas dificuldades também afeta nosso desejo, e tendo consciência disso, o ideal, não só na relação, mas na vida, é termos diversas áreas de dedicação na qual possamos tirar dali satisfações mentais e fisiológicas, como liberação de dopamina, por exemplo. Hobby, trabalho, amigos, diversão, família e espiritualidade são algumas das várias opções.

Mas o que acontece normalmente é uma redução dessas áreas de dedicação e um excesso de esforço interligado a uma frustração constante, porque é difícil termos as mesmas sensações de prazer fazendo as mesas coisas por muito tempo (a chamada habituação de estímulos).

É aí que a pornografia entra, e entra com força. Ela se torna uma área de fuga:

  • Ah, tô com raiva do trabalho, acho que vou relaxar vendo um negocinho aqui, e… vrau.
  • Ah, tô com dificuldade de dormir. Vou procurar um trem delícia aqui, e… vrau.
  • Minha mulher não quer transar comigo, acho que vou extravasar assistindo algo, e… vrau.

Cadê a dedicação pra lidar com as frustrações?! Quando vai ver, passaram-se anos e ninguém conversou sobre os problemas. A relação tá mega morna e há um grande abismo entre o casal.

Converse sobre isso na sua relação. A pornografia, diferentemente de outros vícios, é muito silenciosa. Quando se percebe, ela invadiu mais seu espaço do que deveria. Coloque limite.

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