Menu
Coluna Marcelo Chaves
Coluna Marcelo Chaves

Luto no DF: o legado de Gilberto Amaral, o colunista mais antigo do Brasil

O comunicador foi o único por décadas com livre acesso aos palácios e salões mais restritos da capital federal, onde partilhou da intimidade de vários presidentes da República

Marcelo Chaves

18/07/2022 7h00

Aos poucos Brasília vai perdendo para a eternidade grandes nomes de pioneiros que fazem parte da história da cidade. Nomes que foram protagonistas da trajetória da capital de todos os brasileiros materializada pelo seu fundador, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Na semana que passou, de maneira repentina, mais um importante nome se foi. Desta vez o do jornalista pioneiro e grande mestre do jornalismo social do DF, Gilberto Amaral.

Gilberto nos deixou aos 87 anos, poucos dias antes de completar 88, após período de internação na UTI do Hospital DF Star. Seu estado de saúde extremamente delicado já era de conhecimento da família e dos amigos mais próximos. Correntes de orações foram feitas, mas o comunicador acabou indo de encontro ao criador, para a tristeza de seus familiares, amigos, leitores do Jornal de Brasília e telespectadores de seu programa de TV na Band.

Mineiro de São Sebastião do Paraíso, desde cedo a paixão por atuar na comunicação sempre fez parte da vida de Gilberto Amaral, que trilhou o seu caminho construindo uma carreira sólida no rádio, na televisão e na mídia impressa. Gigi, como era chamado pelos amigos mais íntimos, chegou a Brasília poucos dias antes da inauguração, recém-casado com Mara Amaral, a convite de JK, que foi seu padrinho de casamento, com uma missão.

O jornalista foi casado por mais de 60 anos com a sua companheira de todas as horas, Mara Amaral

Ele estava incumbido de ajudar na mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília. Começava aí a história dele com Brasília, onde ao longo dos anos transformou-se em uma personalidade de destaque e em um profissional respeitado e com livre acesso pelos palácios e salões mais restritos da capital da República. São vários os fatos que me lembro de Gilberto, com quem eu costumava falar nos últimos anos apenas pelo telefone.

O último mês de maio, quando recebeu em sua casa no Lago Sul das mãos do vice-governador Paco Britto, uma importante medalha em comemoração aos 60 anos de Brasília, foi a última vez que Gilberto participou de um encontro, mesmo que intimista. Época onde também falei com ele pela última vez através de um telefonema. Aceitei o convite para almoçar em sua casa em uma data a ser definida para colocarmos todas as novidades em dia.

Infelizmente não deu tempo. Agora ficam as lembranças e o legado de um jornalista que foi inspiração para muitos outros que trilham o mesmo caminho. Muitas foram as qualidades de Gilberto. Do poderoso jornalista que recebeu em sua casa os então presidentes da República João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, até o homem de coração generoso que ajudou muita, mas muita gente necessitada em Brasília.

Do cicerone de nomes importantes em visita a Brasília, como o do cantor francês Charles Aznavour, que foi levado por Gilberto após um show para jantar no extinto restaurante Le Français, até a diva americana Liza Minnelli, que após se apresentar na capital recebeu em seu camarim a visita de Gilberto, que a apresentou na ocasião Anna Christina Kubitschek, neta de JK, fundador de Brasília, cidade que Liza disse ter amado conhecer.

Gilberto era conhecido também pela coleção de gravatas coloridas, uma de suas marcas registradas

Me recordo também de um episódio envolvendo um profissional querido da imprensa do DF. Com problemas financeiros, ao falecer, a família sem ter a quem recorrer, pediu ao jornalista apoio no sepultamento do falecido. Gilberto pegou o telefone, fez algumas ligações para amigos, e todas as despesas do funeral, bem como uma ajuda financeira para a família foi dada. Histórias e incontáveis lembranças de generosidade que ficam na memória.

Na noite de hoje, a partir das 18h30, na Paróquia São Pedro de Alcântara, no Lago Sul, os amigos e familiares do saudoso Gilberto Amaral se reúnem para a missa de sétimo dia em sua memória. Ocasião em que a viúva e grande companheira de todas as horas Mara Amaral, os filhos Rodrigo, Bernadette e Marcelo, os netos e o bisneto poderão receber um abraço de conforto. Todos juntos a rezar pelo descanso eterno do querido comunicador.

Fotos: Celso Júnior e César Rebouças

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado