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Coluna Marcelo Chaves
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Chef Severino Xavier faz 80 anos e comemora relembrando histórias do La Chaumière

Um dos restaurantes mais tradicionais da capital, a casa de gastronomia francesa e frequentada por poderosos da República completa 60 anos em 2026

Marcelo Chaves

18/10/2024 10h00

À frente do tradicional restaurante La Chaumière, localizado na comercial da 408 Sul, e com muitas décadas de dedicação e perseverança, o chef Severino Xavier (foto) faz parte da história de Brasília e, sem exagero, pode-se dizer que é patrimônio da cidade. Um dos nomes mais relevantes do cenário local da gastronomia, ele completou esta semana 80 anos de idade, com muito vigor e repleto de histórias ocorridas no restaurante que é ponto de encontro da capital federal.

Nascido em São Joaquim do Monte, Pernambuco, filho de pai vaqueiro e agricultor e de mãe dona de casa, Severino chegou a Brasília em 1961, através do irmão Lourival que o trouxe para trabalhar com os franceses Lucette e Noel. Tempos de muita dureza e também de muito aprendizado. Com o passar dos anos, em 1966, e com a chegada das primeiras representações diplomáticas ao DF, o casal decidiu abrir um restaurante mais elaborado, surgindo assim o La Chaumière.

A casa foi aberta e se transformou em sucesso, tendo como um dos pratos mais requisitados o famoso Steak au Poivre. Com mais alguns anos de trabalho e dedicação, Severino, com o objetivo de aprender e partir para um pequeno negócio, recebeu em 1970 uma proposta dos patrões. Ofereceram passagem, hospedagem e despesas pagas para o funcionário fazer uma imersão na cozinha francesa em Paris. Convite aceito, e lá foi para a capital francesa e para outras regiões, onde aprendeu muito.

Por lá fez vários cursos, aprendeu a falar francês e na volta tempos depois, em 1972, Lucette decide vender o restaurante para o funcionário. “Eu disse que não tinha dinheiro e nem daria conta de comandar uma casa frequentada por políticos e diplomatas, ainda mais com o nome Severino que não combinava com Chaumière. Lucette disse que sim, eu daria conta de comprar e comandar e que eu me chamaria chef Severrã de Carruárru (Severino de Caruaru com sotaque francês).

“Eu comprei, paguei em parcelas, e em 1973 quando passei para meu nome, madame Lucette me aconselhou a não aumentar o restaurante nem o menu. Tudo com o intuito de preservar o padrão de qualidade. Lancei três novos itens no cardápio, sendo um deles o “Sevê-Rã” (filé ao molho roquefort) tão requisitado quanto Steak au Poivre, o prato clássico da casa. O resto foi sucesso graças a Deus”, relembrou o chef e dono do restaurante que completou este ano 58 anos de funcionamento.

Nesses últimos anos o La Chaumière se consagrou como um dos melhores restaurantes de cozinha francesa do país, e frequentado por nomes poderosos da República, como o do presidente Lula, os dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff. Os saudosos Tancredo Neves e Ulysses Guimarães eram clientes assíduos do estabelecimento. Bem como famosos dos segmentos artístico, empresarial, social e também diplomático que passaram por lá.

Entre as inúmeras histórias presenciadas pelo chef Severino relacionadas ao seu restaurante, ele fez uma seleção de algumas envolvendo seus clientes famosos e nos conta. “O presidente Fernando Henrique Cardoso, quando assumiu a Presidência da República em 1995, um jornalista fez uma entrevista com ele e perguntou se FHC estava se habituando com o Palácio da Alvorada e com a comida de lá. Ele elogiou tudo mas disse que sentia saudades do Steak au Poivre do mestre Severino, que fazia a iguaria com muito esmero.”

“Uma outra história foi do governador de Pernambuco na época, o saudoso Eduardo Campos. Ele estava aqui e eu falei brincando que Pernambuco, com aquele desenvolvimento e crescimento econômico, porque ele não me levava para Recife, arrumava um lugar para eu colocar o meu restaurante lá. Ele respondeu: vá, escolha o local que eu desaproprio e dou mais dez anos de isenção fiscal. O filho dele, prefeito reeleito de Recife, esteve aqui e contei a história para ele, que disse que o pai bondoso agia dessa forma.”

Fotos: JP Rodrigues/Jornal de Brasília

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