A coluna bateu um papo descontraído com a competente executiva Caroline Putnoki, que assumiu no final do ano passado a direção da Atout France (Agência de Desenvolvimento Turístico da França) para a América do Sul e Central. Na pauta da conversa, turismo, Brasil e França.
Como profissional experiente na área, quais são os seus principais projetos e metas para a Atout France (Agência de Desenvolvimento Turístico da França) nestes próximos anos?
Em 2018, as principais prioridades estabelecidas para o turismo francês passarão pelo reforço da estratégia de marcas mundiais implementada há alguns anos pela Atout France: Bordeaux, Champagne, Normandia impressionista, Córsega, Biarritz – País Basco, Alpes Mont-Blanc e Toulouse-Pyrénées. Destinos emblemáticos mundialmente conhecidos, de identidade distinta, que alimentam o imaginário dos viajantes e que nos permitem incentivar os turistas brasileiros a descobrir outros locais tão ricos em experiências quanto Paris e de convencê-los de que existem novas razões para viajar para França.
Sem marketing segmentado e direcionado, não há mais marketing. Os polos de excelência da França serão promovidos através dos nossos Clusters (a nova palavra na moda…), e, dentro os presentes no mercado brasileiro: o Turismo de Negócios, o Ultramar (Martinica, Saint-Martin, St-Barth, Guadeloupe, As Ilhas de Tahiti e “pourquoi pas”, a Guiana Francesa vizinha do Brasil e de onde sou). Também: o turismo no Litoral, o turismo Cultural, e o Espiritual fazem parte das prioridades. Nossa era digital nos permite comunicar totalmente online atravésdo site France.fr e das Redes Sociais
Ser diretora da Atout France no Brasil requer muita responsabilidade e disposição para trabalhar. É um grande desafio?
Quando eu aceitei a responsabilidade do cargo de diretora da Atout France para América do Sul e Central, eu já havia tido uma experiencia de sete anos no Brasil. Hoje, isso me ajuda bastante para realizar e completar essa tarefa, porque eu já conheço as redes de profissionais e os líderes de opinião. Mas o desafio ainda existe,
sobretudo quando consideramos a imensidão do território brasileiro e o tamanho do mercado cujo potencial para a França é enorme.
Outro desafio é o de convencer os investidores franceses a voltarem a investir e reconquistar o mercado brasileiro, que ficou um pouco abandonado nos últimos anos. A França registrou um aumento de mais de 30% em 2017 e isso deve ser divulgado aos profissionais franceses que ainda pensam que os brasileiros não estão viajando, quando
na verdade o contrário é que vem acontecendo.
Quais são a suas impressões sobre o Brasil?
Como vizinha do Norte (eu venho da Guiana Francesa), me sinto muito próxima do Brasil e dos brasileiros. Ainda mais desde que minha filha nasceu nesta terra há mais de dois anos. O Brasil é um país emocionante e os brasileiros são pessoas extremamente simpáticas e amigáveis. Estou muito tocada pela gentileza e bondade deles e estou
impressionada com a perspicácia de seus negócios. Além disso, a admiração que eles têm pela França é algo raro, que me surpreende todos os dias e que obviamente facilita muito o meu trabalho.
Os brasileiros sempre tiveram uma excelente relação com a França e vice-versa. Os casos de corrupção que estão assolando o Brasil, mudaram de alguma forma a impressão dos franceses sobre o nosso país?
Sim, a relação entre o Brasil e a França é historicamente excelente. Os brasileiros têm uma verdadeira paixão pela França e tudo o que é francês. É sobretudo a instabilidade política econômica que o Brasil vivenciou nos últimos anos, que foi retransmitida pelas mídias francesas, mas não contaminou a imagem dos brasileiros ou
do Brasil na França.
Pelo contrário, acredito que a imagem dos brasileiros é a de um povo corajoso que quer mudar seu país e enfrentar os problemas com muita responsabilidade. E quando viajam para a França, os brasileiros são sempre muito bem recebidos pelos franceses porque são muito agradáveis e têm a alegria de viver. Além disso, sempre aconselho
meus amigos, quando vão à França a deixarem rapidamente o interlocutor saber que são brasileiros.

Hoje os brasileiros estão descobrindo que a França não é só Paris. É comum ver brasileiros visitando as demais regiões da França. É reflexo da política de descentralização iniciada pela Atout France em divulgar diferentes roteiros no país? Pretendem intensificar essa ação?
Sim, os brasileiros estão cada vez mais descobrindo regiões fora de Paris, mas ainda há muito trabalho a ser feito para convencê-los a se aventurar nessas regiões porque 80% das noites ainda estão concentradas em Paris. De fato, um dos objetivos prioritários da Atout France é de expandir os fluxos turísticos no território francês. Mas Paris sempre será Paris e o objetivo é realmente combinar o destino de Paris com as outras regiões. Desejo realmente encorajar e promover a facilidade de transporte no território francês, que seja de trem ou de carro. A França beneficia de excelentes redes ferroviárias e rodoviárias, que são muito seguras e fáceis. Meu objetivo é convencer os clientes brasileiros a usá-las de maneira livre e fácil.
Brasília perdeu há algum tempo o voo da Air France que ligava a capital federal a Paris. Outro voo da mesma companhia foi lançado no Nordeste. A região Centro-Oeste do Brasil é um mercado importante para a Atout France?
Embora as regiões Sul e Sudeste do Brasil continuem sendo os principais emissores, os mercados Norte, Nordeste e Centro-Oeste representam aproximadamente 35% do mercado emissivo brasileiro. O novo voo ligando Fortaleza a Paris atrairá todos esses clientes e graças ao hub montado pela Gol e Air France, a conexão será muito
fácil e rápida. Deve ser lembrado que o passageiro irá verificar sua bagagem de Brasília para Paris. Para Atout France, a região Centro-Oeste sempre foi importante; trabalhamos com muitos operadores turísticos baseados em Brasília, mas também em Goiânia.