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Histórias da Bola
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A volta de Zizinho

Arquivo Geral

05/02/2018 12h23

Zizinho era considerado o grande craque brasileiro da “Era Pré-Pelé”. Deveria ser mesmo, pois tornara-se o ídolo do futuro “Rei do Futebol” e fora eleito o melhor jogador da Copa do Mundo-1950, disputada no Brasil.

Já que “rei não perde a majestade”, dizem, Zizinho seguiu usando a sua coroa de cracaço deslumbrante até os 39 de idade. Por ali, já havia descalçados as chuteiras, há uma temporada. Curtia a sua aposentadoria, dias tranquilos. Foi , quando dirigentes do Audax Italiano bateram à sua porta, oferecendo-lhe irrecusáveis Cr$ 150 mil cruzeiros mensais, para ele voltar aos gramados. Grana para nenhum pré-quarentão recusar, ainda mais porque jogador de futebol do seu tempo jamais tivera excelente salário.

E lá se foi Zizinho para o Chile, repetir o que torcedores do Flamengo, do Bangu e do São Paulo cansaram-se de ver. Ainda driblava, “com picardia, fazendo passes maravilhosos, correndo com a elegância e o porte de um fogodo potro” escreveu o repórter/fotógrafo Luiz Carlos Barreto, que a revista carioca “O Cruzeiro” mandou conferir se o craque ainda dava no couro.

Zizinho não só ainda era o “dono da bola”, como até mereceu manchete da semanária mais vendido no Brasil, sob o título de “A volta do melhor n 8”. O enviado especial vira o “craque incomparável, líder de uma geração” passando aos chilenos lições “do mais puro futebol-arte”.

Zizinho, que a imprensa carioca o chamava por “Mestre Ziza” – por motivos óbvios -, estreou pelo Audax Italiano à véspera de Chile x Brasil, pela Taça O´Higgins – disputa entre os dois países, entre 1955 a 1961. Enquanto ele deslumbrava pelo gramado do Estádio Santa Laura, levando os torcedores a chama-lo de “maestro”, sempre que tocava na pelota, “O Cruzeiro” o revia reencontrando “essa sua eterna namorada, a bola”, durante exibição “da mesma técnica impecável, da mesma inteligência de jogo, da mesma lucidez que o consagrara como um dos mais perfeitos supercraques que o futebol brasileiro já produzira”.

Zizinho fora insubstituível nos selecionados nacionais formados entre 1945 a 1950.Também, um dos mais injustiçados pelos cartolas. Fizeram-no de “indesejável”, mentiram, levantaram calúnias e lhe imputaram grande responsabilidade pelo fracasso brasileiro durante o Campeonato Sul-Americano-1953, no Peru, pois ele era o grande ídolo e a este deveria caber a maior culpa.

Em razão daquilo, a Confederação Brasileira de Desportos-CBD não o chamou para a Copa do Mundo-1954. Novo fracasso brasileiro, enquanto ele fazia shows para o time do Bangu, excursionando pela Europa.

Em 1956, porém, a CBD viu que as suas equipes precisavam voltar a jogar o verdadeiro futebol brasileiro. E o técnico Flávio Costa recorreu a Zizinho para ajudá-lo nesse resgate, tendo-o por referência para uma nova geração.

Veio 1957. O São Paulo o tirou do Bangu e Zizinho foi importantíssimo para o clube conquistar o título estadual, mostrando-se convocação mais do que merecida para a Copa do Mundo-1958. O médico da CBD, Hílton Gosling, o examinou e o considerou em excelente estado físico. O treinador Vicente Feola o considerava indispensável. Mas ficou só no papo. Zizinho não foi chamado para ir à Suécia, onde um outro reinado começaria, o de um menino seu fã, o danadinho.Pelé.

Restou a Zizinho encerrar a carreira cercado por meninos, a cada final de partida chilena, em 196l, às vésperas de Pelé voltar a ser campeão mundial, título que o destino tirou-lhe, em 1950, a apenas 13 minutos do que deveria ter sido a sua maior glória.

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