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Histórias da Bola
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O grito de gol

Willian Matos

27/05/2019 10h39

O grito de gol que você ouve hoje, pelo rádio e pela TV, não era assim. Quem o inventou foi Manoel Bittencourt Rebello Júnior, que o prolongou durante as suas narrações do futebol, pela Rádio Difusora, de São Paulo. E foi copiado por tudo o planeta. Antes dele, os speakers não forçavam tanto a garganta em seus gritos de gol. Por aquilo, Rebello passou a ser chamado por “Locutor do gol inconfundível”.

Contratado pela Rádio Bandeirantes, em maio de 1947, quando o empresário Paulo Machado de Carvalho vendeu a emissora para o político Adhemar de Barros, ele seguiu mandando ver bola na latinha, mas não ficou só nisso. Passou, também, a atuar como diretor artístico, cargo muito desejado em qualquer rádio brasileira. Nascido em 1917 – viveu até abril de 1970 – Rebello Júior deixou Adhemar, em 1948, mas voltou à Bandeirantes, em 1961, já em final de carreira. Narrou poucos jogos. Ele e Nicolau Tuma, o “Locutor Metralha”, lançador da locução rápida, são nomes já esquecidos, mas marcantes na história do rádio futebolístico brasuca.

A invenção de Rebello Júnior aconteceu em 1946, passadas 14 temporadas após a primeira transmissão ao vivo do futebol pelo rádio brasileiro. A partir de então, ele foi imitado pela Espanha, Alemanha e por toda a América Latina. No Brasil, há diferenças regionais no ritmo e no estilo das narrações. Em São Paulo, por exemplo, os narradores seguem o ritmo dos colegas que irradiam o turfe. No Rio de Janeiro, são mais contidos.

Um dos locutores brasileiros mais famosos, José Carlos Araújo, o “Garotinho” conta que aperfeiçoou a sua locução narrando partidas de futebol de botões, no quintal da casa de um vizinho. Sacou que precisava de controlar sua alteração vocal para o tom não cair durante a metade do grito “goooooool”. Ele estava com 17 de idade e pagou um professor para ensiná-lo a cantar em alemão. Diz que ajudou muito. Por sinal, Galvão Bueno, o locutor esportivo mais famoso do país-  da TV Globo – compara o grito de gol a  uma nota dó alta de um a tenor, dificílima de chegar lá.

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