O Guarani, de Campinas-SP considerava o seu estádio já ultrapassado, em 1947. De olho no acesso ao profissionalizado Campeonato do Interior, que a Federação Paulista de Futebol iniciaria, em 1948, viu a hoirfa de trocar a velha casa por uma mais moderna. Então, saiu da Rua Barão Geraldo de Rezende, no bairro Guanabara, e foi para para a Baixada do Proença, fechando permuta de terrenos, com um imobiliária, no dia 2 de abril do seu aniversário.
No 11 de julho de 1948, os arquitetos Ícaro de Castro Mello e Osvaldo Correia Gonçalves apresentaram a maquete do novo estádio ao povo campineiro. Divulgado pelo jornal Correio Popular, dois dias depois, o jornalista João Caetano Monteiro Filho disse tratar-se de um “Brinco de ouro para a Princesa” – brinco, como lhe pareceu a maquete, e Princesa (D´Oeste) o apelido de Campinas. Quando se teve de dar nome oficial à casa, não apareceu nenhum outro. Só Brinco de Ouro da Princesa.
O Bugre campineiro, apelido do Guarani, conseguiu o acesso, em 1949, mas lhe faltava muito grana para terminar o estádio. Além de Cr$ 2 milhões de cruzeiros mordidos da imobiliária na ato troca de terrenos, e mais 3,5 milhões da venda de cadeiras perpétuas, foi preciso fazer várias campanhas para compras de materiais e terminar as obras, o que rolou sem um centavo do poder público.
Em 1953, só faltava as cabeceiras do estádio. Cadê a grana? Provisoriamente, construiu-se arquibancadas de madeiras, atrás das balizas. Depois, buscou-se águas do Rio Paraíba, em Taubaté-SP, terra de Francisco Leme Barreto, o fundador de Campinas, e da Cascata Guarani, no Rio Paquequer, perto de Teresópolis-RJ, onde o escritor José de Alencar ambienta a saga do personagem índígena Peri, do seu romance O Guarani, que inspirou, também, o compositor musical campineiro Carlos Gomes a escrever a mais importante ópera brasileira, de título homônimo do clube.
O estádio Brinco de Ouro das Princesa foi inaugurado em 31 de maio de 1953, com o amistoso Guarani 3 x 1 Palmeiras, com Nilo, aos 44 minutos, cobrando falta e marcando o primeiro gol da casa inaugurada– Diogo e Augusto fizeram os demais tentos bugrinos e Lima o palmeirense. Por ter chovido muito, grande parte da solenidades inaugurais ficaram para o 4 de junho, data do segundo jogo, Fluminense 1 x 0 Guarani, com Marinho na rede.
A ficha técnica do jogo festivo anotou, ainda, que Paulo, Herbert e Palante; Nilo (Valdir), James (Manduco) e Saraiva; Dido (Renato), Nonô, Romeu (Augusto), Julinho (Piolin) e Hélio vestiram a camisa bugrina, enquanto a palmeirense foi de Rugilo (Furlan), Rubens e Sarno (Rafagnelli); Ruís (Rui), Fiume e Nezio; Lima (Moacir), Carlile (Leon), Tito (Richard), Jair e Rodrigues. Na segunda partida, Dirceu, Herbert e Palante; Nilo (Valdir), James (Manduco) e Saraiva; Dido (Renato), Nonô, Romeu (Augusto), Julinho (Piolim) e Hélio (Araraquara) foram o Guarani, cabendo a Veludo, Píndaro e Pinheiro; Rubens (Emilson), Vitor e Edson; Telê Santana, Villalobos (Simões), Marinho (Robson), Didi e Joel representaram os tricolores carioca
Pelo projeto original, o estádio teria capacidade para 29 mil pessoa. Entre as décadas -1960/1970, o brinco foi fechado e bateu-se o recorde de público, com 51.720 almas, em Seleção Brasileira 2 x 1 Bulgária, no 5 de maio de 1990, amistosamente, e em 14 de abril de 1982, no Guarani 2 x 3 Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, havendo 2.002 pagantes. No entanto, o Bugre havia vencido o mesmo Flamengo, por 2 x 1, em 11 de janeiro de 1964, quando inaugurou a iluminação da casa.
Uma outra grande façanha do Guarani foi vencer o Santos de Pelé, no Brinco de Ouro, em 18 de novembro de 1964, por 5 x 1. Com a energia de quem ergueu a grande obra, seu time sagrou-se campeão Brasileiro da Série A, em 1978, atuando a metade das suas 30 partidas diante de sua torcida.