Passado o impacto inicial do sorteio da Copa do Mundo de 2026, o desenho do caminho da Seleção Brasileira começa a ser analisado com mais frieza. O Brasil terá pela frente, na fase de grupos, Marrocos, Haiti e Escócia, com estreia marcada para o dia 13 de junho, um sábado, justamente diante dos marroquinos. Depois encara o Haiti, no dia 19, e fecha a primeira fase contra a Escócia, no dia 24.
Enquanto torcedores e analistas digeriam o grupo considerado mediano, mas nada confortável, a estatística mundial tratou de entrar em cena. O The New York Times, por meio de seu braço esportivo, o The Athletic, divulgou uma projeção dos prováveis campeões do mundo em 2026, colocando a Argentina como principal favorita ao título. Logo atrás aparecem Espanha, França e Inglaterra, seleções que, segundo o levantamento, reúnem estabilidade tática, renovação bem-sucedida e alto nível técnico coletivo. O Brasil surge apenas na quinta colocação desse ranking probabilístico, reflexo direto da instabilidade recente, das trocas no comando técnico e das oscilações apresentadas ao longo do atual ciclo.

O estudo leva em conta uma bateria de critérios: desempenho em competições internacionais, força e profundidade de elenco, resultados nas Eliminatórias, histórico em Copas, além de métricas avançadas de eficiência ofensiva, solidez defensiva e rendimento contra adversários de alto nível. Na teoria fria dos números, a conta é simples e implacável. Na prática, porém, é justamente aí que mora a distância entre estatística e futebol. Porque quando a bola começa a rolar, não há algoritmo que resista ao imponderável do jogo.
E é nesse ponto que cabe uma ironia quase obrigatória. Esse tipo de previsão, por mais sofisticada que seja, se aproxima perigosamente do velho hábito de consultar a vidente brasileira Mãe Diná para saber quem vai levantar a taça. A matemática pode até apontar tendências, mas não explica uma bola na trave, um erro de arbitragem, uma geração que encaixa no momento certo ou um camisa 10 que resolve um jogo impossível. A história das Copas está cheia de favoritos que caíram cedo e de desacreditados que se tornaram campeões.
O Brasil, com suas cinco estrelas no peito, conhece como ninguém esse caminho irregular entre descrédito e glória. Já saiu para Copas cercado de desconfiança e voltou campeão. Já foi favorito absoluto e caiu antes da hora. Em 2026, chega em reconstrução, com dúvidas, mas também com tradição, elenco e camisa pesada. E, gostem ou não os estatísticos, no fim das contas, Copa do Mundo não se ganha em projeção. Ganha-se no campo, jogo após jogo.
