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SAFs no divã: cartolas expõem dúvidas sobre o futuro do futebol

Pelo título do evento em BH, “O jogo fora de campo: mudou alguma coisa?”, já se percebe o tom da inquietação que ronda os dirigentes, investidores e juristas do futebol brasileiro

Marcondes Brito

06/10/2025 5h29

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Divulgação

No próximo dia 16 de outubro, Belo Horizonte vai sediar o Fórum SAF 2025, um encontro de mais de dez horas de debates sobre os rumos da Lei das Sociedades Anônimas de Futebol (Lei 14.193/21). O próprio lema do evento — “O jogo fora de campo: mudou alguma coisa?” — já dá o tom da inquietação que ronda os dirigentes, investidores e juristas do futebol brasileiro.

Quase quatro anos após a criação da lei, as promessas de modernização e equilíbrio financeiro ainda convivem com dúvidas profundas. O Fórum pretende discutir justamente esses nós: falência, recuperação judicial, cláusulas de acionistas, governança, futebol de base, feminino e a disputa entre ligas. Em resumo, uma pauta que revela que o modelo está longe de ser consenso.

Entre as principais preocupações está a segurança jurídica: quando uma SAF entra em crise, até que ponto o investidor é protegido? E o que sobra para o clube de origem, sua história e sua torcida? Outro ponto sensível é a desigualdade entre grandes e pequenos: enquanto clubes de massa atraem capital e parceiros internacionais, os menores correm o risco de ficar à margem, sobrevivendo de favores ou da própria sorte.

Há ainda a tensão entre identidade e mercado. Quem deve decidir o futuro de um clube? O investidor que aporta milhões ou a comunidade que carrega gerações de paixão? O debate sobre cláusulas contratuais mostra que, sem regras bem definidas, essa balança tende a pender para quem tem dinheiro — não necessariamente para quem tem alma de futebol.

O Fórum SAF nasce, portanto, como espaço de reflexão, mas também de alerta. Se é verdade que a lei abriu portas para a profissionalização e para novos investimentos, também é verdade que ela escancarou dilemas ainda sem resposta. O futebol, afinal, não é apenas um produto: é patrimônio cultural, memória coletiva e paixão de milhões.

E é exatamente esse o ponto que precisamos levar ao leitor: a discussão sobre as SAFs não pertence apenas aos cartolas ou investidores. Ela mexe com a essência do jogo, com o futuro dos clubes e com a relação entre torcida e instituição. O que se debate em Belo Horizonte não é apenas uma questão de contrato — é a sobrevivência do futebol como o conhecemos.

* Mais informações aqui.

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A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília nesta 2ª feira (6/10)

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