As queixas contra a arbitragem voltaram com força na semana passada. O clássico entre São Paulo e Palmeiras escancarou o problema, com erros gritantes que beneficiaram o time alviverde. A Confederação Brasileira de Futebol reconheceu as falhas e puniu o árbitro, uma medida correta, mas insuficiente. Porque, convenhamos: o problema não é novo — e nem exclusivo do futebol brasileiro.
Quando o árbitro de vídeo foi criado, imaginava-se que o VAR seria a solução definitiva. Que as polêmicas, os gols mal anulados e os pênaltis invisíveis ficariam no passado. Puro engano. O que se viu foi apenas uma nova camada de confusão: mais tecnologia, mais câmeras, mais microfones… e os mesmos erros.
O Palmeiras é o beneficiado da vez? Sim, foi. Mas nada impede que, na próxima rodada, Abel Ferreira — reclamão de carteirinha — saia do campo dizendo que o seu time foi prejudicado. O Flamengo, tantas vezes acusado de ser protegido, também tem reclamado. A moeda gira, e a cada fim de semana surge um novo vilão.
O fato é que o erro de arbitragem é um velho conhecido do futebol. E para provar que o problema é universal, vale lembrar um escândalo que explodiu na Espanha: o Barcelona, em 2003, pagou mais de 7 milhões de euros a empresas ligadas ao então vice-presidente da comissão de arbitragem, José María Enríquez Negreira, para ser beneficiado. O clube foi formalmente indiciado em 2023.
Copas
Até na Copa do Mundo, alguns erros de arbitragem marcaram profundamente a história do futebol. Em 1986, Diego Maradona usou a mão para fazer o famoso gol da “Mão de Deus” contra a Inglaterra, nas quartas de final. O árbitro não percebeu a irregularidade, o gol foi validado e a Argentina seguiu para conquistar o título.
Vinte anos antes, na final de 1966, o “gol fantasma” de Geoff Hurst garantiu à Inglaterra sua única taça. A bola bateu no travessão e não cruzou totalmente a linha, mas o juiz confirmou o gol. O lance mudou o rumo do jogo e inspirou, décadas depois, a criação da tecnologia da linha do gol.
Já em 1982, um dos episódios mais violentos: o goleiro alemão Harald Schumacher derrubou o francês Patrick Battiston com um choque brutal, sem sequer ser punido. O árbitro mandou seguir o lance, e a Alemanha venceu nos pênaltis — um erro que até hoje é símbolo da falta de proteção ao jogador em campo.
Portanto, não há inocentes. Nem aqui, nem lá fora. Nunca houve! O VAR não eliminou o erro: apenas lhe deu replay em câmera lenta. E, pelo visto, ainda vamos assistir a muitas reprises antes que o futebol encontre o verdadeiro “árbitro justo” — aquele que ainda não existe, nem em HD.
