Em meio a inquérito sobre empréstimos consignados e suspeitas de fraudes no INSS, Grupo Bandeirantes publica editorial classificando a Crefisa como “organização esperta”; empresa reage e acusa a emissora de campanha difamatória
O embate entre o Grupo Bandeirantes de Comunicação e a Crefisa, empresa de crédito pertencente à presidente do Palmeiras, Leila Pereira, ganhou novos capítulos neste fim de semana.
A disputa começou após a Band divulgar um editorial contundente sobre as investigações que envolvem a instituição financeira em um inquérito ligado à CPMI do INSS, que apura supostas fraudes e contratos suspeitos de empréstimos consignados indevidos.
O editorial da Band
Na peça veiculada no Jornal da Band, o grupo de comunicação classificou a Crefisa como uma “organização esperta”, “especializada em ações irregulares para tomar dinheiro dos incautos, com preferência pelos mais pobres”.
O texto afirma que a empresa “bateu recordes de reclamações no Procon” e elogia a reação do INSS, que suspendeu parte dos contratos com a instituição. O editorial prossegue com críticas severas ao modelo de operação da financeira:
“Uma organização esperta, especializada em ações irregulares, para tomar dinheiro dos incautos, com preferência pelos pobres, sempre atuando à sombra da lei, como convém ao bom malandro. (…) A organização malandra, conhecida como Crefisa, bateu recordes de reclamações no Procon e provocou a reação do INSS, que finalmente atuou, estancando o esquema de uso, abuso e exploração dos aposentados indefesos.”
O texto, que o grupo define como “opinião institucional”, cobra atuação do Banco Central e das autoridades policiais, e conclui que “a ética do nosso jornalismo está clara nos 88 anos de história do Grupo Bandeirantes”.
A resposta da Crefisa
Em nota oficial, a Crefisa reagiu duramente, acusando a Band de promover uma campanha difamatória contra a empresa:
“O Banco Crefisa repudia a conduta adotada pelo Grupo Bandeirantes, que vem há vários dias publicando notícias diversas sobre o Banco Crefisa, com o nítido objetivo de prejudicá-lo. Essa conduta já foi percebida por todo o mercado. O assunto que deu origem à série de matérias já foi devidamente esclarecido pelo Banco Crefisa. A insistência do Grupo Bandeirantes em publicar matérias difamatórias contraria os princípios do jornalismo de atuação com ética e responsabilidade.”
A empresa também nega irregularidades, afirmando que “nenhum contrato é celebrado sem autorização do cliente” e que a taxa de reclamações é “inferior a 1%”. A Crefisa ainda rejeita as acusações de coação, venda casada e cobranças abusivas.
O pano de fundo da crise
As investigações que motivaram o embate envolvem denúncias de empréstimos concedidos sem autorização, venda casada de serviços, coação para abertura de contas e cobranças abusivas.
Parlamentares de diversos partidos solicitaram a convocação de Leila Pereira para depor na CPMI que apura irregularidades no sistema de consignados do INSS.
O INSS, por sua vez, justificou a suspensão cautelar de parte dos contratos da Crefisa citando o “alto volume de queixas nos órgãos de defesa do consumidor”.
Clima de tensão
O tom do editorial da Band e a reação imediata da Crefisa indicam que a disputa não deve terminar tão cedo. Enquanto a emissora promete continuar publicando novas reportagens, a financeira afirma que “tomará todas as medidas cabíveis para defender sua imagem”.