No basquete, diferentemente do futebol, uma equipe tecnicamente inferior dificilmente consegue aquilo que nós chamamos de “zebra”. Dito isto, todos nós esperávamos a derrota do basquete brasileiro para o Dream Team dos EUA. Não é fácil pra ninguém enfrentar Lebron James, Stephen Curry e Kevin Durant, em jogo que valia vaga nas semifinais. O placar de 122 a 87 não foi tão ruim assim.
Eu tive a sorte de ver o primeiro Dream Team, ao vivo, nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992, exatamente num jogo contra o Brasil. Era um time muito melhor do que esse atual, sem dúvida nenhuma. Perdemos por 127 a 83 e todo mundo ficou feliz. Charles Barkley foi o cestinha do jogo com 30 pontos. Do lado brasileiro, o maior pontuador foi Oscar, com 24. Foi um espetáculo inesquecível! Eu estava lá e lembro como se fosse hoje.
Mas vale ressaltar que o Brasil foi um dos principais responsáveis pelos EUA começarem a usar as suas estrelas profissionais nos Jogos Olímpicos. O motivo foi uma vitória que conseguimos sobre eles, nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis. Os donos da casa – usando uma equipe de universitários – perderam a disputa pelo ouro para o Brasil por 120 a 115. Oscar foi o maio pontuador da partida, com 46 pontos.
“Quando perdemos para o Brasil, nós vimos o quanto o basquete internacional havia evoluído. Eu até me sinto lisonjeado por ter perdido aquela final do Pan para o Brasil e jamais esqueci daquele dia. Depois, nós ainda acabamos ficando com a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Seul-1988 e ficou realmente claro que precisaríamos criar a seleção mais forte possível”, afirmou Robinson ao ge.com, alguns anos depois.
Então, o que assistimos hoje nos Jogos de Paris foi algo tão natural quanto aquela partida de Barcelona, 32 anos atrás. Perdemos, mas perdemos felizes.
Além do mais, este ano o Brasil chegou nas últimas para disputar os Jogos Olímpicos. Teve dificuldades também para chegar ao mata-mata, perdendo para a França, na estreia, por 78 a 68. Depois, outra derrota, desta vez para a Alemanha, por 86 a 73. No jogo decisivo, o Brasil venceu bem o Japão, por 102 a 84 e acabou se classificação como um dos melhores 3º colocados.
Então, essa derrota para o Dream Team versão 2024, além de não ter sido uma surpresa, foi mais um dia para o basquete brasileiro entrar para a história. E é uma pena que não tenhamos mais o Mão Santa Oscar, que era o Pelé do basquete. Sem os supercraques sempre fica mais difícil até para os próprios norte-americanos.
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