O Flamengo de 2025 não apenas empilhou títulos. Ele sepultou de vez a saudade crônica de Jorge Jesus que ainda resistia em parte da torcida e, de quebra, colocou Filipe Luís no radar como um nome que já começa a ameaçar até o status de técnicos consagrados como Carlo Ancelotti no imaginário do futebol brasileiro. Em menos de uma semana, o rubro-negro conquistou a Libertadores e o Campeonato Brasileiro. E no pacote do ano perfeito ainda vieram a Copa do Brasil, a Supercopa e o Campeonato Carioca. Ganhou tudo. Absolutamente tudo.
O curioso é que esse roteiro não nasceu como plano principal. O Flamengo começou apostando alto em Tite, no que parecia o casamento perfeito entre um treinador vitorioso, metódico, com boa passagem pela seleção brasileira, e um elenco estrelado. O projeto não deu liga, as críticas aumentaram, o desempenho não correspondeu e a demissão veio. O clube voltou os olhos para o mercado internacional, mas, no meio da busca por mais um nome estrangeiro, alguém teve a ideia que mudou a história: apostar em Filipe Luís, recém-campeão no sub-20.
Era para ser uma solução emergencial. Virou um fenômeno. Filipe simplesmente passou a ganhar tudo o que disputou. Em 85 jogos, somou 54 vitórias, 21 empates e apenas 10 derrotas, com aproveitamento superior a 71%. Mais do que números, construiu um time sólido, competitivo e com identidade. Igualou os cinco títulos de Jorge Jesus e fez algo ainda mais raro: concentrou todas as conquistas em um único ano.
A comparação com o português é inevitável. Jorge Jesus marcou época em 2019 com um time avassalador. Filipe Luís, agora, constrói a própria era, com menos holofotes e o mesmo impacto. E há um detalhe simbólico que valoriza ainda mais seu currículo: ele também foi protagonista daquela geração histórica como jogador. Conquistou Libertadores, Brasileiros, Copa do Brasil, Supercopas, Recopa e Cariocas vestindo a camisa rubro-negra. Agora, empilha títulos à beira do campo.
Em dezembro, o Flamengo ainda vai ao Mundial de Clubes. Se avançar, pode enfrentar o PSG. É difícil, mas este Flamengo já mostrou que gosta de transformar o improvável em possibilidade concreta. Diante desse cenário, duas certezas se impõem. Filipe Luís fez, sim, a torcida esquecer Jorge Jesus. E, se continuar nesse ritmo, a discussão sobre seu nome na seleção brasileira deixará de ser provocação para virar questão de tempo.