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Futebol ETC
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Essa nebulosa negociata com o patrocínio do Corinthians faz o Timão virar um “timinho”

A ausência de integridade nessa operação pode resultar em litígios, penalidades e até mesmo no impeachment da atual diretoria

Marcondes Brito

27/05/2024 6h50

Reprodução

Há tempos estamos debatendo se o Timão virou um “Timinho”. O torcedor corintiano, fanático como ele só, não gosta de alimentar essa discussão, mas é inegável que a crise que se instalou no clube parece não ter fim.

No começo do ano, quando Augusto Melo assumiu no lugar do inoperante Duílio Monteiro Alves, imaginou-se que o clube voltaria a ser respeitado. E esse otimismo potencializou-se quando – menos de uma semana após a posse da nova diretoria – foi anunciado um patrocínio máster de R$ 370 milhões com a casa de apostas VaideBet.

O mundo do futebol recebeu a notícia com espanto, porque, de uma tacada só, o Corinthians passou a ter a maior cota de patrocínio do futebol brasileiro, superando com sobras o Flamengo e o Palmeiras.

Agora vai! Imaginaram os corintianos. Os rivais também ficaram assustados porque, a rigor, um time como o Corinthians, com o seu “bando de loucos”, não precisaria nem de isso tudo para voltar a ser forte e poderoso.

Ocorre, no entanto, que é exatamente esse patrocínio. máster que agora está tirando o sono do Corinthians e dos corintianos. Na semana passada, o portal UOL denunciou, no blog do jornalista Juca Kfouri, a presença de  um “laranja” na intermediação do acordo do Corinthians com a VaideBet.

Ficamos sabendo que a empresa Rede Social Media Design Ltda tem a receber R$ 25 milhões pela suposta intermediação desse gigantesco contrato de R$ 370 milhões com a casa de apostas. O clube efetuou pagamento de duas parcelas de R$ 700 para essa empresa, que posteriormente repassou a quantia para a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. 

A matéria do UOL mostrou que a “sócia” da Neoway, Edna Oliveira dos Santos – uma pessoa humilde, moradora da periferia – sequer sabe da existência de tal empresa.

Notas oficiais

Em nota oficial, o clube se pronunciou: “Todas as negociações, incluindo patrocínios, se deram de forma legal com empresas regularmente constituídas. O clube destaca que não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”.

A VaideBet também se posicionou e colocou em dúvida a manutenção do vínculo com o Corinthians: “A VaideBet informa que tem acompanhado atentamente as publicações e manifestações envolvendo o comissionamento do contrato de patrocínio… e que desde o mês de abril tem solicitado esclarecimentos sobre o caso. A VaideBet observa com atenção os desdobramentos do atual cenário e avalia os próximos passos”.

Falta de transparência

Mesmo no meio do futebol, onde a incompetência e a irresponsabilidade de cartolas invariavelmente são motivos para levar muitos clubes à decadência, esse escândalo do Corinthians ultrapassou todos os limites. Houve até desistência de outros possíveis patrocinadores, enquanto a “poeira não baixar”.

Tudo aponta para a concretização de uma operação sem o mínimo de lisura, acarretando uma série de problemas, desde a falta de confiança, à violações éticas e legais, que certamente poderão prejudicar também o desempenho do time dentro de campo.

Além de tudo isso, a ausência de integridade nessa nebulosa negociata pode resultar em litígios, penalidades e até mesmo no impeachment da atual diretoria do Corinthians. 

E segue a crise, que parece não ter hora para acabar.

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