Diz a lenda que brasileiro não tem preferência especialmente por nenhum esporte; brasileiro gosta mesmo é de ganhar. Já fomos o país da Fórmula 1, na época de Ayrton Senna e Nelson Piquet; assim como já fomos o país do tênis (com Gustavo Kuerten), e, claro, o país do futebol, quando tínhamos uma Seleção de verdade. Hoje, somos o país da ginástica, graças a Rebeca Andrade, a maior medalhista olímpica da nossa história.
Mas se o brasileiro só gosta de ganhar, como se explica o interesse inabalável pelas corridas de F-1? É verdade que desde a morte de Ayrton Senna, em 1994, a audiência das transmissões automobilísticas teve uma queda acentuada, mas não a ponto de serem desprezadas pelas grandes redes de TV.
Neste momento estamos assistindo a uma movimentação nos bastidores pelos direitos da F-1. Para entender essa história, é preciso relembrar que a F-1 foi uma das grandes atrações da TV Globo, entre 1981 e 2020. Aí chegou a COVID-19 e a emissora carioca perdeu o fôlego. Assim, a partir de 2021, a F-1 foi parar no colo do Grupo Bandeirantes.
Empolgada pela possibilidade de turbinar a sua grade esportiva, a Band aceitou todas as exigências da Liberty Mídia, detentora dos direitos da F-1. Acontece que houve uma mudança nas regras do jogo a partir deste ano, porque, entre 2021 e 2023, os custos operacionais eram divididos com a Liberty. Com a mudança, a Band assumiu sozinha a responsabilidade de pagar uma taxa anual de 15 milhões de dólares (mais de R$ 85 milhões no câmbio atual).
Foi aí que começaram os problemas. Enquanto dividia despesas com a Liberty, era possível cobrir os custos. Isso tornou-se inviável em 2024 e provocou atrasos nos pagamentos. Para piorar ainda mais a situação – como informou uma fonte da coluna – um dos patrocinadores da Band deu calote de R$ 5 milhões na emissora, precipitando uma inadimplência que já era iminente. Outro fator que contribuiu para a desistência da Band foi a recente demissão de Walter Zagari, Vice-Presidente Nacional de Comercialização.
Nos bastidores, sabe-se que o ‘namoro’ da Liberty Mídia com a Globo começou no segundo semestre de 2023. Recorde-se que, por conta da pandemia, a maior emissora do país teve de abrir mão de algumas competições importantes. Agora está recuperando o seu protagonismo no esporte, e já decidiu que vai reincorporar a F-1 no seu portfólio.
Antes, fará exigências à Liberty Mídia, como, por exemplo, a possibilidade de interferir para que seja incluído pelo menos um piloto brasileiro na principal categoria do automobilismo.
Há um lobby fortíssimo para que Gabriel Bortoleto, que fez o seu nome na F-3 e na F-2, seja contratado por alguma equipe da F-1. Não por mera coincidência, o nome de Bortoleto surgiu esses dias como uma opção da Sauber.
Com uma boa dose de sorte (quem sabe?) voltaremos a ter algum protagonismo no automobilismo. E tomara que isso ocorra também no futebol.
Deus está vendo essa necessidade.

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