Naquela que foi, talvez, a melhor atuação da era Carlo Ancelotti, a Seleção Brasileira goleou a Coreia do Sul com autoridade neste amistoso da Data Fifa. Alguém pode argumentar que o adversário é fraco, mas o fato é que o Brasil nunca teve tanta facilidade assim para vencer um time asiático. Ganha sempre, é verdade, mas raramente com tamanha superioridade. Diante de um estádio lotado e de uma Coreia que vinha invicta na fase eliminatória da Ásia, o Brasil se impôs com domínio absoluto.
O resultado — e principalmente o desempenho — servem para consolidar a mão de Ancelotti sobre o grupo. Pela primeira vez, o treinador pôde colocar em campo um time com o DNA do seu Real Madrid multicampeão. Ele tinha à disposição quatro peças daquele elenco histórico: Militão, Casemiro, Vinícius Júnior e Rodrygo. E foi justamente a presença de Rodrygo, titular desde o início, o ponto de virada no funcionamento ofensivo da equipe. O atacante, que voltou a jogar bem também no próprio Real Madrid, deu fluidez, clareza e velocidade ao setor de criação — algo que faltava nas partidas anteriores da Seleção.
O segundo gol do Brasil foi uma pintura. A jogada, que reuniu Casemiro, Vinícius Júnior e Rodrygo, lembrou os melhores momentos do Real Madrid europeu. Toques rápidos, visão de jogo e finalização precisa de Rodrygo, em um lance digno de moldura. A partir dali, o jogo se transformou em exibição: o adversário, completamente dominado, não conseguiu mais respirar.
Outro destaque da goleada foi o jovem Estevão. Aos 18 anos, o atacante do Chelsea mostrou maturidade impressionante. Fez dois gols, pediu jogo, buscou o drible e mostrou personalidade de veterano. Virou xodó da torcida e, claramente, de Ancelotti. O treinador enxerga nele uma peça importante para o futuro da Seleção — um futuro que pode não depender tanto de Neymar quanto no passado recente.
Mesmo com alguns desfalques, especialmente o zagueiro Marquinhos, o Brasil apresentou solidez e intensidade. Os cinco gols marcados nesta partida superam a soma de todas as partidas anteriores sob o comando de Ancelotti, um dado que mostra o avanço coletivo da equipe. Outra coisa: a última vez que o Brasil ganhou de 5 x 0 foi há 4 anos, nas Eliminatórias, diante da Bolívia.
No fim das contas, amistoso é só no nome. O próprio Ancelotti lembrou, antes da bola rolar, que “não existe jogo amistoso”. Um amistoso pode derrubar técnico e queimar jogador. E o Brasil entrou em campo como quem sabia disso: concentrado, competitivo e talentoso. O placar é apenas consequência.
A Seleção, enfim, começa a mostrar que o trabalho de Carlo Ancelotti está ganhando forma — e que o sonho de voltar ao topo do futebol mundial pode estar, novamente, no horizonte.