A Seleção Bola de Prata, entregue nesta segunda-feira, confirmou mais uma vez seu peso histórico no futebol brasileiro. Criada pela revista Placar na década de 1970, e hoje organizada pela ESPN, a premiação é construída jogo a jogo, a partir das notas de jornalistas que acompanham toda a temporada do Campeonato Brasileiro.
Tenho, inclusive, ligação direta com esse processo. Atuei como correspondente da Placar há décadas e participei da avaliação dos jogos. O rigor sempre foi a essência da Bola de Prata.
A edição deste ano expõe três pontos centrais para reflexão.
O primeiro é a consolidação de uma nova geração de técnicos. Rafael Guanaes, de 44 anos, do Mirassol, foi eleito o melhor treinador da temporada. Junto a ele, outros nomes mais jovens ganharam protagonismo ao longo do ano, como Filipe Luís, que também figurou entre os principais técnicos do campeonato. O recado é claro: o Brasileirão começa a renovar seus bancos com profissionais de outra escola.
O segundo dado contrasta com o tamanho da invasão estrangeira. O Brasileirão de 2025 reuniu cerca de 150 jogadores estrangeiros, número recorde na história da competição. Mesmo assim, apenas dois aparecem na Seleção Bola de Prata: o argentino Lucas Romero, do Cruzeiro, e o uruguaio Arrascaeta, do Flamengo. A elite técnica do campeonato seguiu majoritariamente brasileira.
O terceiro é o alerta mais duro. Nenhum dos jogadores eleitos é titular absoluto de sua seleção nacional. Nem Arrascaeta, eleito o Bola de Ouro do ano, é titular do Uruguai. O retrato aponta um campeonato competitivo, mas ainda distante do mais alto nível do futebol mundial.
Seleção Bola de Prata 2025
Goleiro
Walter (Mirassol)
Zagueiros
Fabrício Bruno (Cruzeiro)
Léo Pereira (Flamengo)
Laterais
Paulo Henrique (Vasco)
Reinaldo (Mirassol)
Meio-campistas
Lucas Romero (Cruzeiro)
Matheus Pereira (Cruzeiro)
Arrascaeta (Flamengo)
Atacantes
Vitor Roque (Palmeiras)
Kaio Jorge (Cruzeiro)
Pedro (Flamengo)
Técnico
Rafael Guanaes (Mirassol)