A polêmica que estourou nesta semana envolvendo Neymar Jr. mostra como a fronteira entre opinião e difamação tem sido constantemente ultrapassada no ambiente digital. Um influenciador afirmou, sem provas, que o jogador estaria “viciado em whisky com energético”, além de fazer insinuações sobre sua rotina de treinos. A repercussão foi imediata e levou a NR Sports, empresa que gerencia a carreira do atleta, a anunciar medidas judiciais.
É evidente que Neymar não vive seu melhor momento dentro de campo. Quem o acompanha no Santos sabe que ele reclama mais do que joga, e parece incapaz de entregar sequer uma fração do talento que já exibiu no passado. Mas uma coisa é analisar a performance esportiva, outra completamente diferente é lançar acusações sobre vícios e hábitos pessoais sem apresentar qualquer evidência. Essa linha não pode ser cruzada.
Não se trata apenas de Neymar. Esse tipo de prática é danoso em qualquer esfera profissional. Imagine um artista acusado de consumir drogas antes de subir ao palco, um político acusado de estar constantemente alcoolizado em público ou um juiz acusado de decidir processos sob efeito de medicamentos controlados — tudo sem provas. O estrago é imediato, quase irreversível, e muitas vezes independe de desmentidos ou vitórias judiciais.
A empresa de Neymar está certa em reagir. Não se pode normalizar que a difusão de boatos valha mais do que a responsabilidade jornalística ou o simples compromisso ético de checar informações antes de publicá-las. O jornalismo sério não pode ser confundido com lives recheadas de especulações, sob pena de perdermos qualquer referência do que é fato e do que é invenção.
Dito isso, também é verdade que o tempo será juiz implacável dessa história. Se houver algum fundo de verdade nas insinuações, Neymar será o primeiro a se acusar, pelo simples fato de não conseguir entrar em forma em menos de um ano da Copa do Mundo. Mas até lá, o que temos são apenas suspeitas que não deveriam ser tratadas como verdades.
No fim, o maior desafio não é apenas de Neymar, mas do próprio ecossistema da comunicação: diferenciar crítica de difamação, opinião de calúnia, análise de ataque gratuito. Só assim será possível preservar o que ainda resta de credibilidade no debate público.