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A ponte improvável entre Neymar Pai e Michael Jackson

Hoje, 19 de novembro, aniversário dos 55 anos do milésimo gol do Rei, a família Neymar vai oficializar a compra da marca Pelé

Marcondes Brito

19/11/2025 5h18

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A aquisição da marca Pelé pela NR Sports, empresa gerida por Neymar Pai, ganha hoje, 19 de novembro – aniversário dos 55 anos do milésimo gol de Pelé – um significado inusitado.

Por incrível que pareça, o movimento estratégico de Neymar Pai traça um paralelo com um dos negócios mais emblemáticos da história da música: a compra dos direitos de publicação das canções dos Beatles por Michael Jackson.

À primeira vista, a comparação pode parecer ousada ou até improvável. No entanto, quando examinada sob uma lupa jurídica e estratégica, a analogia faz perfeito sentido: em ambos os casos, uma figura poderosa do entretenimento adquire um legado imaterial que transcende seu criador, transformando um mito cultural em um ativo econômico permanente.

Para Gustavo Biglia, sócio do Ambiel Bonilha Advogados e especialista em Direito Societário, a operação de Neymar Pai “não é um licenciamento; é uma aquisição patrimonial robusta, que reúne marcas, direitos autorais, elementos identitários e prerrogativas econômicas da personalidade de Pelé”. É justamente esse caráter multifacetado que permite a comparação com o catálogo dos Beatles, cuja compra por Michael Jackson reposicionou o conceito de patrimônio artístico no mercado global.

A lógica da compra da marca Pelé é a versão esportiva desse gesto: a NR Sports passa a deter o nome, a assinatura, a identidade visual, os acervos, os arquivos audiovisuais e o conjunto de licenças internacionais do maior jogador de todos os tempos.

As duas operações, separadas por 40 anos e por dois universos completamente distintos, se encontram no mesmo ponto:

– um mito cultural (Beatles / Pelé);

– um comprador com visão de longo prazo (Michael Jackson / Neymar Pai);

– a transformação do legado em ativo econômico perene.

Reação popular

É claro que nenhum desses movimentos – nem o de Michael Jackson nos anos 80, nem o de Neymar Pai agora – é imune a controvérsias. Sempre haverá quem veja nisso uma espécie de profanação do mito, uma apropriação privada de algo que, sentimentalmente, pertence ao povo. No caso de Pelé, a reação de parte da torcida do Santos é prova disso: para muitos, o Rei não deveria virar ativo de ninguém.

Mas, olhando de fora, vejo que esses choques são quase inevitáveis quando o legado transcende o ídolo e entra no território bilionário da indústria cultural. Não cabe a mim dizer se é certo ou errado, mas cabe registrar que, nesses dois episódios separados por décadas, o mercado falou mais alto que a memória afetiva.

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