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A derrocada de Endrick: o “candango de ouro” que o Real Madrid esqueceu

É curioso notar que Ancelotti, mesmo conhecendo o jogador de perto, ainda não demonstrou qualquer interesse em chamá-lo para a Seleção

Marcondes Brito

20/10/2025 5h23

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Reprodução

Endrick, o atacante de 19 anos nascido em Brasília, era até pouco tempo atrás o símbolo máximo da nova geração do futebol brasileiro. Um prodígio revelado pelo Palmeiras, apontado pela imprensa mundial como o jovem mais promissor do planeta, capaz de decidir jogos com a naturalidade dos gênios. Pela seleção brasileira, deixou sua marca logo de cara – marcou gols contra a Inglaterra e a Espanha, encantou o público e alimentou o sonho do torcedor de ver nele o futuro grande nome do Brasil.

Mas o tempo passou, e o conto de fadas parece ter virado pesadelo. Endrick foi vendido ao Real Madrid por 40 milhões de euros, valor digno de uma aposta certeira. Só que o garoto não decolou. Sob o comando de Carlo Ancelotti, o mesmo técnico que agora dirige a seleção brasileira, ele teve poucas oportunidades. E é curioso notar que Ancelotti, mesmo conhecendo o jogador de perto, ainda não demonstrou qualquer interesse em chamá-lo para a seleção – nem mesmo nesta fase de testes que parece estar chegando ao fim depois da derrota para o Japão.

O Real Madrid, como sempre, cobra resultados imediatos. E, na lógica implacável do clube, quem não mostra serviço logo, perde espaço. Endrick chegou cercado de expectativas, mas encontrou uma realidade fria: foi tratado como um projeto de longo prazo, e o tempo que esperava ter em campo nunca veio.

O fato é que Endrick vive hoje uma fase de provação. A chegada do novo técnico, Xabi Alonso, deveria significar recomeço. Mas aconteceu o contrário: Endrick é o único jogador de linha do elenco profissional do Real Madrid que ainda não entrou em campo sob o comando do espanhol. Já se passaram 150 dias desde sua última aparição competitiva. Enquanto outros jovens como Brahim Díaz acumulam minutos e confiança, o brasileiro amarga o banco – ou a arquibancada.

É verdade que parte desse tempo ele passou lesionado. Mas o fato é que, mesmo recuperado, Alonso deixou claro que não conta com ele. O Real Madrid, por sua vez, já admite a possibilidade de vendê-lo em janeiro. Uma notícia que soa inacreditável para quem há pouco tempo era chamado de “o centroavante mais promissor do planeta”.

O roteiro lembra outro caso recente: o de Vitor Roque. Também vendido a peso de ouro – no caso, para o Barcelona -, o atacante chegou à Espanha, não se firmou, e viu a confiança desabar. Teve um breve empréstimo ao Betis, passou por altos e baixos, e acabou retornando ao Brasil. Levou oito jogos para voltar a marcar pelo Palmeiras, mas reencontrou o caminho e hoje tenta reconstruir sua trajetória.

Endrick, por enquanto, vive o mesmo dilema. É um talento bruto, daqueles que não aparecem todo dia, mas que pode se perder se não for bem lapidado – e, principalmente, se não for bem conduzido. O futebol europeu já mostrou que nem todo jovem brasileiro brilha de imediato. Alguns precisam de tempo, de ambiente, de paciência.

Talvez seja a hora de alguém fazer alguma coisa por Endrick. Se continuar esquecido no banco do Real Madrid, corremos o risco de ver mais um prodígio se perder pelo caminho.

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A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília desta segunda-feira (20/10)

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