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Futebol ETC
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A Copa do Brasil e a lógica que o mata-mata insiste em ignorar

Aumenta a possibilidade de uma final improvável entre Corinthians e Vasco

Marcondes Brito

12/12/2025 7h23

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A vitória do Vasco sobre o Fluminense, de virada, teve todos os ingredientes de um clássico carioca daqueles que não respeitam roteiro nem lógica prévia. O Fluminense começou melhor, mais organizado, dono do jogo no primeiro tempo. O Vasco parecia anêmico, sem força, sem intensidade, sem alma. O gol tricolor parecia consequência natural do que se via em campo.

Mas futebol é futebol. E clássico é clássico.

O Vasco voltou diferente, cresceu emocionalmente, encontrou espaços e virou um jogo que, até então, parecia sob controle do Fluminense. E esse enredo não foi exclusivo do Maracanã. Ele dialoga diretamente com o que aconteceu no Mineirão, na outra semifinal, quando o Corinthians surpreendeu o Cruzeiro.

A preço normal, preço de temporada, o Cruzeiro era favoritíssimo jogando em casa, Mineirão lotado, campanha mais consistente. Assim como o Fluminense era favorito contra o Vasco, levando-se em conta tudo o que fez ao longo do ano. O Fluminense terminou o Campeonato Brasileiro em quinto lugar, garantiu vaga na Libertadores e ainda teve uma temporada internacionalmente respeitável, sendo o melhor time não europeu no Mundial de Clubes. É uma campanha sólida, vitoriosa, sem dúvida.

Mas o mata-mata ignora retrospecto. Ignora estatística. Ignora lógica.

E isso fica ainda mais evidente quando se olha para o Campeonato Brasileiro. Corinthians e Vasco caminharam praticamente juntos. O Corinthians terminou em 13º, com 47 pontos. O Vasco foi 14º, com 45. Aproveitamentos baixíssimos: 41% do Corinthians, 39% do Vasco. O Corinthians perdeu 15 jogos no Brasileiro. O Vasco perdeu 19. A metade das partidas disputadas. Em pontos corridos, campanhas frágeis, irregulares, longe de qualquer protagonismo.

Nada disso, porém, entra em campo na Copa do Brasil.

A Copa do Brasil é outra história. É mata-mata, é nervo, é detalhe, é erro mínimo que vira tragédia e acerto isolado que vira glória. Talvez por isso seja uma das competições mais empolgantes do calendário. Democrática, com mais de 100 clubes, capaz de produzir finais improváveis, confrontos que ninguém apostaria no papel.

Nada está decidido. Os jogos de volta estão aí. O Cruzeiro pode virar na Neo Química Arena. O Fluminense pode devolver o resultado contra o Vasco. Isso é futebol.

Mas, a preço de hoje, o cenário está posto: existe, sim, a possibilidade real de uma final improvável. E é exatamente essa imprevisibilidade que faz da Copa do Brasil um torneio tão fascinante.

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