Da euforia à tristeza em poucos segundos. A comemoração de um acesso simples que virou um drama que perdura por mais de dez dias. Um desespero sem fim, que pode desabrochar às 20h30 deste domingo ou eclodir para a temporada que vem. Esse é o resumo do vascaíno, às vésperas da última rodada da Série B, em uma espécie de final contra o Ituano. Um empate garante o cruzmaltino de volta à elite. A derrota dá a classificação ao clube do interior de São Paulo e mantém o time, pelo terceiro ano consecutivo, na Segunda Divisão Nacional.
O pesadelo do Vasco na Série B parece não ter fim. Contra o Sampaio Correa, na última quinta-feira, um simples empate colocava o time de volta à primeira divisão. O gol de Anderson Conceição, aos 4 minutos, explodiu o torcedor vascaíno. Nem o gol de Pára, minutos depois, impediu a festa vascaína. Contudo, aos 22 do segundo tempo, Gabriel Poveda fez o gol da virada do time maranhense. Era o início do drama. O time que não havia perdido nenhum jogo como mandante nas últimas 18 rodadas, passava por uma aflição. Só um empate bastava.
Até que aos 51 minutos, André Santos balançou as redes e deixou o vascaíno feliz em São Januário. Os gritos de volta à Série A, as lágrimas, ecoaram no estádio. Até aos 55 minutos do segundo tempo, quando Joécio estragou a festa cruzmaltina. Os gritos de felicidade se transformaram em xingamentos, revolta e angustia. Tão perto, mas tão longe. O acesso até poderia vir no dia seguinte, caso o Ituano e o Sport perdessem. Nada disso aconteceu e o drama vascaíno continuará até este domingo.
Para piorar, os vascaínos ainda veem os seus três rivais do Rio de Janeiro em boa situação. O pior deles, o Botafogo, está em 11º lugar, a quatro pontos de conseguir uma vaga na pré-Libertadores. O Fluminense já conquistou uma vaga na fase de grupos da competição continental. E o Flamengo levantou duas taças em 2022 – Copa do Brasil e Libertadores – e ainda está em terceiro no Brasileiro – almejando o vice-campeonato, para arrecadar uma maior grana. Os rubro-negros ainda fazem questão de atazanar os vascaínos, lembrando que suas cores são iguais ao do Ituano. Drama que só aumenta.
O torcedor vascaíno tem muito a lamentar. Sem dúvidas, a atual colocação do time nesta temporada deve-se ao apoio do seu adepto. O time do Vasco não é bom, mas a torcida ajudou a colocá-lo na atual posição. Tanto é verdade que fora de casa o Vasco possui apenas quatro vitórias em 18 jogos. Foram apenas 17 pontos conquistados como visitante – menos de um por partida. O estádio Novelli Jr receberá sua carga máxima neste domingo, com 1/3 da torcida cruzmaltina presente, que tentarão silenciar os 11 mil torcedores do Ituano. Vão tentar jogar com o peso da camisa e com a tradição para conquistar o acesso.
Para o futebol brasileiro, é muito bom que o Vasco suba. É um time com história, conta com um recente investimento financeiro por meio da Sociedade Anônima de Futebol e promete ser competitivo. Mas, pelo desempenho dentro das quatro linhas, não merece esse acesso. O fato é que nem mesmo o Grêmio, uma das equipes que já se garantiram na Série A do ano que vem, também não merecia. Mas quatro precisam subir. Veremos se será a tradição cruzmaltina ou o inexpressivo Ituano quem irá jogar à Série A de 2023.
Antes de terminar o texto dessa semana, não posso me esquecer de dar os parabéns a Flamengo, pelo tricampeonato da Libertadores, juntando-se ao hall de São Paulo, Palmeiras, Santos e Grêmio, com esse mesmo número de títulos internacionais, e ao Palmeiras, que conquistou mais um campeonato brasileiro. Da criação do Brasileiro, em 1971, para cá, são sete conquistas, além das quatro homologadas pela CBF pelos torneios equivalentes entre 1959 e 1970 – ou seja, um total de 11 títulos. Com fax ou não, o torcedor palmeirense comemorou o hendeca ou undecacampeão.
