De retorno ao Buriti por conta da decisão do ministro Alexandre de Moraes, o governador Ibaneis Rocha reúne-se com a vice Celina Leão bem cedo na manhã desta quinta-feira, 16, para tomar pé do governo. Na verdade, Ibaneis já teve um encontro com Celina logo após o despacho do ministro na tarde de quarta-feira, em clima de grande cordialidade.
Depois dessa reunião matinal, Ibaneis dará uma entrevista e mergulha nos problemas. Já disse que tem muita coisa para tocar, principalmente recuperar o tempo perdido nas grandes obras e a crise na saúde.
Celina destaca união da equipe
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, se pronunciou nesta quarta-feira, 15, sobre a autorização do retorno do governador Ibaneis Rocha ao comando do GDF, após o afastamento determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, para destacar a união da equipe durante o período de afastamento e ressaltou a importância da volta de Ibaneis para dar continuidade às ações e projetos do governo local.
“Foram dias difíceis, mas a equipe esteve unida, sempre aguardando o retorno do governador”, avaliou.
Celina nunca se afastou da tese de que o governo é um só e que as diretrizes traçadas por Ibaneis desde a campanha seriam seguidas à risca. Foram.
“Estamos juntos, mais fortes ainda e unidos para darmos respostas a todas as áreas que a população do Distrito Federal nos demandam”, afirmou Celina, ainda governadora em exercício.
Restabelecimento democrático
O deputado brasiliense Rafael Prudente foi à tribuna da Câmara dos Deputados para comunicar a decisão que autorizou a volta ao cargo do governador Ibaneis.
“É uma tarde muito importante para nós que defendemos a democracia, uma tarde muito importante para nós aqui do DF que temos a restituição e o restabelecimento da democracia da nossa cidade”, disse Rafael Prudente. “Como bons democratas que somos, trabalharemos em conjunto para que a nossa cidade siga em um caminho de avanços e investimentos para a população”, destacou.
O distrital Joaquim Roriz Neto avaliou que “a decisão representa, antes de tudo, o cumprimento da democracia manifestada por 832.633 votos a ele confiados no último dia 2 de outubro”.
E o líder do governo, Robério Negreiros, afirmou que afirmou que “a decisão deixa claro que o governador não teve qualquer participação direta ou indireta nos acontecimentos do dia 8 de janeiro”.
Torcida
O líder do PT na Câmara Legislativa, Chico Vigilante, que chegou a defender o retorno de Ibaneis, afirmou se forem confirmados os fatos que estão se apresentando na CPI dos atos antidemocráticos, “que mostram que não foi cumprido o planejamento das forças de segurança por parte dos responsáveis pela Segurança Pública do DF, esse caminho pode levar a crer que não houve culpa por parte do governador”.
Vigilante, porém, não deixou de dar uma alfinetada na bancada governista. “Tem gente que está comemorando a volta do governador Ibaneis Rocha, mas por dentro estava torcendo pelo afastamento dele. Conheço bem esta Casa, conheço as pessoas e sei que nem tudo o que se diz é a verdade”, intrigou o deputado.
Medidas polêmicas no Buriti
Se até agora predominava a mais absoluta convergência entre as linhas traçadas pelo governador Ibaneis Rocha e a governadora em exercício Celina Leão, duas medidas mexeram com essa equação. A
A primeira delas foi a demissão da presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal, o IGES, Mariela Souza, no início da noite da terça-feira, 14.
O médico Juracy Cavalcante Lacerda, hoje diretor de Atenção à Saúde, será indicado para a função. Mariela assumiu o IGES oficialmente em 10 de maio de 2022, mas já estava à frente do órgão desde janeiro do ano passado. Era uma escolha de Ibaneis.
No Buriti não se considera essa mudança como um potencial de atrito. As coisas no Instituto não estavam funcionando bem, tanto que duas diretorias já haviam sido trocadas. Celina Leão deveria mesmo agir como governadora e, se Ibaneis quiser mexer de novo poderá agir tranquilamente ao retornar.
Polêmica na Escola de Governo
A segunda medida causou mais estranheza. Após a mudança no IGES, Celina Leão trocou o comando da Escola de Governo, o Egov, órgão que não chamava a atenção na estrutura e que agora está sob o comando de uma aliada da governadora, Marli Rodrigues, ex-presidente do Sindsaúde.
A medida foi inesperada e causou mesmo estranheza, em especial por conta da formação da escolhida – ou da falta de formação.
Do ponto de vista político até que se pode justificar a escolha. O MDB de Ibaneis elegeu um deputado federal, Rafael Prudente, mas seus 121 mil votos não lhe garantiriam a cadeira, não fosse a performance do ex-secretário Alírio Neto, que teve 10 mil e da própria Marli, com quase 8 mil.
Foram eles que garantiram ao partido atingir o quociente eleitoral. Mesmo assim, do ponto de vista administrativo a nomeação não estava combinada.