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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Uma cidade sem calçadas para caminhar

O brasiliense pode até espiar grandes avenidas, mas não tem mais como dar seus passinhos em torno das casas e apartamentos

Eduardo Brito

11/07/2024 18h30

Foto: Agência Brasília

Quando Brasília ficou pronta, sob admiração geral, fez-se uma leve crítica ao projeto de Lúcio Costa. Com as vias expressas separando as superquadras, especialmente os grandes eixos, os moradores desejosos de caminhar viam-se restritos às áreas das quadras e dos comércios locais.

Mesmo assim, havia muito onde passear. As áreas verdes bem cuidadas eram, na verdade, um convite para circular.

Era possível acessar praticamente qualquer comércio e, mais importante, circundar as áreas verdes e os espaços abertos atraía todos os que desejavam dar seus passos, exercitar-se, encontrar vizinhos e amigos, discutir inclusive qual o boteco favorito.

Tudo isso com um carinho especial: as calçadas e passagens bem cuidadas, chamando os passantes para as ruas, que traduziam o conceito central de Brasília: uma capital, aliás a capital de todos os brasileiros, que oferecia a eles a atração de uma cidade do interior, cheia de pontos de encontro. Havia, porém, um pressuposto.

Era preciso ter espaços bem cuidados para esse passeio, calçadas bem cuidadas e convidativas. Isso valeu durante décadas. Não mais. A Novacap, a quem cabia esses pequenos, mas importantes cuidados, simplesmente deixou-os de lado.

O brasiliense pode até espiar grandes avenidas, mas não tem mais como dar seus passinhos em torno das casas e apartamentos.

Ou melhor, pode até arriscar, mas aos tropeções, desviando-se de buracos, rodeando espaços mal-cuidados, tropeçando em lajes deslocadas, atolando-se em lamaçais que passaram a circundar suas residências, arriscando-se no meio do lixo não retirado.

A cidade manteve seus espaços, mas perdeu seu clima. É uma nova Brasília, agora sim dependente exclusivamente dos carros.

Promessas descumpridas

A ampliação das funções da Novacap tem um papel nisso. A empresa, que antes cuidava da cidade, padece hoje de gigantismo. Nesta semana mesmo um grupo de moradores de Santa Maria andou fazendo cobranças. 

O deputado brasiliense Rafael Prudente conseguiu, a duras penas, levar a Santa Maria o presidente da Novacap, Fernando Leite, para uma reunião com dirigentes da Associação dos Moradores do Condomínio Porto Rico.

Levaram-no para examinar mais de uma dezena de obras que, em tese, estavam em andamento. Por exemplo, várias áreas descampadas deveriam ser asfaltadas e ter acessos completados. A visita ocorreu em julho de 2022, quando Rafael, presidente da Câmara Legislativa, estava em campanha para deputado federal.

“Vistoriei o local e firmei o compromisso de lutar para que as obras sejam retomadas o mais rápido possível”. Rafael fez sua parte. Mas a Novacap não. Moradores do Porto Rico estão organizando um mutirão. Mutirão de cobrança. As obras prometidas continuam onde estavam, no papel.

Guerra agora pelos conselhos de Medicina

Nos dias 6 e 7 de agosto haverá em todas as Unidades da Federação   eleições para a renovação do Conselho Federal de Medicina, inclusive no DF. Há uma luta ideológica grande em torno das 27 cadeiras principalmente pelas controvérsias nos últimos cinco anos e que renderam medidas polêmicas, como apoio à cloroquina, a proibição da assistolia fetal (revogada pela justiça), pesquisa entre médicos para saber o apoio dos profissionais à vacinação de crianças contra covid e assim por diante.

Em Brasília já estão registradas três chapas, com titular e suplente, disputam a vaga. Rosylene Corrêa, pela chapa 1, ex-vice presidente do CRM, chegou  a postar fotos nas redes, de verde e amarelo, em 8/1 e recentemente divulgou vídeo aconselhando deputados a não visitarem hospitais.

A chapa 2 é encabeçada pela médica Beatriz Mac Dowell, ligada ao Campo Democrático, que tem batalhado junto com um grupo de cerca de 300 médicos contra as decisões do atual CFM.

Deve ter o apoio de uma coalizão de esquerda. Finalmente, na 3 está Farid Buitrago, ex-presidente do CFM, defensor da cloroquina e que se posicionou contra as medidas de afastamento social durante a pandemia. Vem polarização política por aí.

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