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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Trio elétrico embala discussões da CPI

Ele se disse contra o vandalismo e a violência política, mas foi inquirido a respeito da ajuda financeira que deu ao movimento

Eduardo Brito

04/05/2023 18h47

Foto: Agência Brasília

O depoimento do empresário brasiliense Adauto Lúcio Mesquita à CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa, serviu para discutir as contribuições financeiras aos manifestantes de 8 de janeiro. Adauto abriu seu primeiro negócio, uma distribuidora de doces, em Samambaia.

Hoje é sócio de várias empresas, entre as quais o mercado Melhor Atacadista. Ele disse, por intermédio de sua assessoria, que não se escondeu das intimações para comparecer à CPI, mas não as recebeu por estar sempre fora de casa, visitando suas lojas.

Ele se disse contra o vandalismo e a violência política, mas foi inquirido a respeito da ajuda financeira que deu ao movimento. O presidente da CPI, Chico Vigilante perguntou-lhe sobre ter financiado a contratação do trio elétrico Coyote.

O comerciante negou. O distrital mandou exibir vídeos onde ele aparece recebendo o equipamento. “Pegando aqui agora o Coyote. Olha o tamanho do trio elétrico. É o maior de Brasília”, diz Adauto no vídeo que gravou e divulgou em suas redes sociais. Adauto continuou negando ter pago e disse que apenas ajudou na negociação para baixar o preço.

“Eles estavam negociando e eu falei para fazer um preço melhor. Sei pechinchar”, explicou. Ele negou também ter pago outdoors que foram espalhados na cidade. Adauto admitiu apenas doação de R$ 10 mil para a campanha de reeleição do ex-presidente Bolsonaro, além do que chamou de “pequenas doações” para pessoas do acampamento em frente ao QG do Exército.

O comerciante declarou que se arrepende de ter participado do movimento. “Se eu imaginasse que teria chegado a esse ponto, dessa exposição e desse sofrimento, eu realmente não teria ido. Não teria participado”. O empresário admitiu que foi ao acampamento e que, nessas visitas, constatou que havia a organização e proteção do Exército.

“Das vezes que eu fui lá, presenciei militares andando por todo o QG, organizando o estacionamento. Ali estava sendo cuidado, controlado e protegido pelo exército. A prova disso é que no dia 7 à noite a Polícia Militar foi lá para prender as pessoas e o exército não permitiu”, assegurou Adauto.

Afinal, quem depredou?

Esse foi o mote para o distrital João Hermeto, que é policial militar, afirmar que o exército tem responsabilidade no acampamento.

“O Exército estimulou esse acampamento e estimulou o quebra-quebra. O Exército tinha que ter tirado aquilo ali. O maior culpado é o Exército, que se omitiu”, declarou o relator da CPI. “Essa CPI precisa ser imparcial, não estamos aqui para fazer pré-julgamentos. Estamos aqui para descobrir fatos”, avaliou o distrital Roriz Neto.

Por sua vez, o distrital Thiago Manzoni assegurou que não há relação entre o acampamento no QG e a depredação dos prédios feita no dia 8 de janeiro. “Estamos partindo de uma premissa equivocada e chegando a uma conclusão equivocada. Há uma premissa de que as pessoas que estiveram naquela manifestação em frente ao QG são as causadoras dos atos do dia 8. E essa premissa é falsa. As manifestações no QG não foram a causa dos incidentes. Não eram sequer as mesmas pessoas”, afirmou Manzoni. No mesmo sentido, Pastor Daniel de Castro afirmou que os depredadores dos prédios públicos no dia 8 não estão presos.

“A CPI não julga e não trabalha sob hipóteses, mas sim sobre fatos. As pessoas que invadiram e quebraram as sedes dos três poderes foram orientadas para sair pelas portas do Palácio e foram embora. Elas não estão presas”, atestou o pastor.

Nova escala de depoimentos

Mudou a escala de depoimentos da CPI. José Acácio Serere Xavante, pastor evangélico e líder indígena xavante cuja prisão rendeu um badernaço na Asa Norte, deverá comparecer no dia 25 e o general Augusto Heleno, previsto para esse dia, irá à Câmara no dia 1º de junho.

No dia 7 será a vez do coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da Polícia Militar, e no dia 17, do general Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Por fim no dia 26 deve ser interrogado Alan Diego dos Santos, suspeito de planejar ataques à bomba no Aeroporto Internacional de Brasília

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