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Do Alto da Torre
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Presidente da CPI acha que agora está claro: quem organizou badernaço e golpe foi Bolsonaro

Delgatti contou ainda foi procurado pelo ex-presidente por conta de sua atuação no que ficou conhecido como “Vaza Jato”

Eduardo Brito

14/09/2023 20h05

Foto: Divulgação

Após depoimento prestado nesta quinta-feira, 14, à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara, seu presidente Chico Vigilante concluiu: “está definitivamente que quem organizou tanto as invasões de 8 de janeiro quanto a tentativa de golpe foi o ex-presidente Jair Bolsonaro.

No seu depoimento, o hacker Walter Delgatti Neto reconheceu também que o tenente-coronel Mauro Cid estava na reunião com Bolsonaro em que planejaram invadir as urnas eletrônicas. Conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, depôs à Câmara Legislativa por videoconferência da penitenciária onde está detido por uma sequência de crimes, em Araraquara, São Paulo.

Confirmando o que havia declarado à Polícia Federal e à CPMI do Congresso, ele explicou sua aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, por intermédio da deputada federal paulista Carla Zambelli e com a alta cúpula das forças armadas.

“É gravíssimo o que ele conta sobre seu encontro com Bolsonaro, levado por Zambelli e pelo marido dela, que é oficial da Força Nacional”, avaliou o distrital Chico Vigilante. O presidente da CPI lembrou que “nada disso havia sido dito antes e só pode levar a uma constatação, a de que essa turma tem de ir toda para a cadeia”.

Vínculo entre ataque às urnas e invasão de janeiro

Ao ser questionado pelo relator da CPI, o distrital João Hermeto, Delgatti afirmou que acredita haver um vínculo entre as movimentações para descreditar as urnas eletrônicas e os ataques de 8 de janeiro, e que enxerga uma nítida participação do ex-presidente neste processo.

“A ideia era o caos. Desde antes, a ideia do presidente Bolsonaro, caso não ganhasse, era causar um caos a ponto de ser refeita a eleição ou então de continuar no poder sem ser por meio democrático, acredito”, afirmou o hacker.

Delgatti contou ainda foi procurado pelo ex-presidente por conta de sua atuação no que ficou conhecido como “Vaza Jato”, episódio em que ele invadiu celulares das autoridades da Lava Jato.

“Bolsonaro elogiou minha atuação na Lava Jato, disse que eu tinha uma missão de dar liberdade ao povo, que iam [a esquerda] implantar o comunismo e que a China iria ter território no brasil caso ele perdesse”, declarou. Um parêntesis em tudo isso está em que, após fazer a campanha de 2018 prometendo ataque à corrupção e apoio à Lava Jato, Bolsonaro fez exatamente o contrário.

Reuniões no Ministério da Defesa

Ao todo, Delgatti teria participado não só do diálogo com o então presidente no Palácio da Alvorada, mas também de cinco reuniões no Ministério da Defesa. No processo, ele utilizava seus conhecimentos como hacker para realizar testes e instruir os técnicos sobre como poderiam agir caso houvesse a tentativa de inserir códigos maliciosos no sistema das urnas eletrônicas e do Judiciário.

Segundo Delgatti, Zambelli teria se aproximado dele para que invadisse o sistema do Conselho Nacional de Justiça e inserisse informações falsas no sistema. Ele chegou a expedir um falso mandado de prisão ao ministro do STF Alexandre de Moraes. O hacker contou ainda detalhes de sua reunião com Bolsonaro em um café da manhã no Palácio do Planalto em 2022.

Além de Zambelli e do ex-presidente, teria participado da reunião o tenente-coronel Mauro Cid. Delgatti afirmou que foi chamado porque o ex-presidente queria que ele “comprovasse” a falta de lisura do sistema eleitoral brasileiro. O plano era que ele invadisse uma urna eletrônica, o que comprovaria que o resultado das eleições poderia ser adulterado.

O hacker, porém, afirmou que, como o código-fonte das urnas fica em uma sala no Tribunal Superior Eleitoral sem conexão à internet, não foi possível executar o planejado.

“É impossível realizar um ataque externo”, declarou. Ele revelou ainda que chegaram a planejar disponibilizar uma urna para que ele pudesse invadir seu sistema, em uma exibição que ocorreria no dia 7 de setembro de 2022, mas a urna não chegou a ser entregue.

Delgatti contou que manteve contato com membros da alta cúpula das forças armadas por meio de conversas e encontros presenciais que ocorriam no Ministério da Defesa.

Ele citou os nomes de Marcelo Jesus, coronel do Exército e com que teria contatos frequentes e outro oficial, Freire Gomes, com quem não chegou conversar diretamente.

Segundo o hacker, os militares pediam frequentemente para que ele verificasse os relatórios apresentados pelo TSE, para avaliar se haviam sido adulterados.

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