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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Por enquanto, a paz reina

Para mostrar que esse acordo está em plena validade, marcaram até eventos em conjunto para as próximas semanas

Eduardo Brito

06/05/2022 5h00

Foto: Marcello Casal Jr

O governador Ibaneis Rocha recebeu nesta quinta-feira, 5, a deputada Flávia Arruda e o marido, o ex-governador José Roberto Arruda.

Foi em um almoço em sua casa, no Lago Sul, que ocorreu durante a turbulência causada pela possibilidade de mexida geral no tabuleiro de xadrez da sucessão brasiliense, com eventual lançamento de Flávia como candidata ao Buriti pelo PL, disputando com o próprio Ibaneis. Nada disso aconteceu.

Pelo contrário houve apenas uma reafirmação do acordo já firmado na presença do presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto. A aliança permanece, com Flávia candidata ao Senado na chapa de Ibaneis. Para mostrar que esse acordo está em plena validade, marcaram até eventos em conjunto para as próximas semanas.

A ideia é mostrar, como aconteceu em compromissos recentes, que a dobradinha está valendo que que os interesses são comuns.

Antecipação

Candidata a deputada federal pelo PSOL, a professora Fátima Sousa pode ser vista nos últimos dias no plenário da Câmara, para onde espera ser eleita. Mas ela não estava antecipando a posse. Foi defender a aprovação imediata do projeto de lei que estabelece piso salarial para as enfermeiras. Enfermeira sanitarista, ela é professora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB. Percorreu gabinetes e acompanhou a votação no plenário. O projeto passou.

Cartilha misteriosa

Vice-presidente da Câmara Legislativa, o distrital Rodrigo Delmasso protocolou na Procuradoria Geral do Distrito Federal uma representação em que cobra investigar e tirar de circulação uma cartilha intitulada Tributar os Super Ricos. A origem da cartilha é misteriosa. Aparentemente foi entregue por um professor de Sociologia no Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean), que fica na 607 Norte. A cartilha é apresentada por uma personagem infantil chamada Niara, que veste camiseta com imagem da assassinada vereadora Marielle Franco. Niara fala sobre distorções na cobrança de impostos no Brasil, coloca a imagem das pessoas ricas como vilões da desigualdade e recomenda a todos que se comportem como o personagem histórico Robin Hood, que teoricamente pregava roubar dos ricos para dar aos pobres. Delmasso quer que a Procuradoria Geral descubra a origem do material, identifique o professor que o distribuiu e o retire de circulação nas escolas.

Erro essencial

Não há dúvida de que a tal cartilha é panfletária e que tem profundo viés político-partidário. Mas seu título nada apresenta de ilegal. A taxação das grandes fortunas está na Constituição brasileira e só inexiste porque nunca foi regulamentada. Nos 13 anos de governo petista foi solenemente ignorada. Hoje tramita um projeto nesse sentido. Está no Senado e foi apresentado por um senador do PSDSB, Plínio Valério, do Amazonas. A medida já foi aplicada na maior parte dos países da Europa e recebeu recentemente apoio de um dos cabeças das listas de mais ricos do mundo, o investidor norte-americano Warren Buffett.

Nos palanques

Sempre silencioso e operando nos bastidores, o secretário de Economia, Itamar Feitosa, teve sua experiência em palanque. No evento em que o governador Ibaneis Rocha nomeou 283 servidores para três secretarias, Itamar Feitosa acabou por se dirigir aos interessados em funções públicas, anunciando que “o GDF está com 34 concursos em andamento”. Acabou aplaudido. Segundo Itamar, só no ano passado o Buriti nomeou 4 mil aprovados.

Santidade

Viajando por Portugal a pretexto de participar de um seminário sobre “Os rumos da política no Brasil”, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, a deputada brasiliense Bia Kicis, fez visita oficial à Assembleia da República, onde se encontrou com deputados da direita. E fugiu da programação para visitar o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, com direito a enviar fotos para entidades religiosas católicas de Brasília.

Lista na gaveta

A lista de candidatos a uma das duas vagas destinadas a advogados no Tribunal Superior Eleitoral apresenta duas coincidências. Os três nomes têm extrema ligação com o Distrito Federal. E os três nomes desagradaram o presidente Jair Bolsonaro. André Ramos Tavares foi presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Fabricio Juliano Mendes Medeiros é mestre em Direito e Políticas Públicas pelo UniCEUB, trabalhou em lideranças da Câmara dos Deputados e integra o Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral. Vera Lúcia Santana Araújo, ativista da Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno, é a primeira mulher negra indicada para o cargo. O Planalto, porém, não pretende nomear nenhum dos três. Para Tavares e Vera Lúcia, a razão é explícita: ambos integram o Grupo Prerrogativas, que defende o ex-presidente Lula e tem vínculos com o PT, na ótica de Bolsonaro. Quanto a Fabrício Juliano Medeiros, as razões são menos claras. Aparentemente, ele conta, no Judiciário, com relações que desagradam o presidente. O resultado é que, ao menos por enquanto, o Tribunal Superior Eleitoral ficará com apenas seis ministros, pois o titular da sétima cadeira, Carlos Medeiros Silva Filho já deixou o cargo, alegando razões de saúde.

Apoio da oposição

Oposicionista a crítica de Bolsonaro, a senadora brasiliense Leila Barros manifestou nesta quinta-feira, 5, seu apoio a Vera Lúcia Santana. “Ao mesmo tempo em que a parabenizo por sua competência e história de luta e superação, revelo que estarei torcendo para que ela seja a escolhida, embora reconheça a capacidade dos demais indicados, André Ramos Tavares e Fabrício Medeiros”, postou Leila. Não deve ter ajudado muito.

Jovens querem votar

Alvo de diversas campanhas de mídia, o alistamento eleitoral de jovens entre 16 e 18 anos acelerou entre janeiro e abril deste ano, com a emissão de 2.042.817 títulos nessa faixa etária. É um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018 e de 57,4% quando comparado aos quatro primeiros meses de2014. O aumento foi mais intenso em março, com o ingresso de 522.471 eleitores de 16 a 18anos. Em abril esse número saltou para 991.415 jovens com o primeiro título, um crescimento de 89,7% quando comparado ao mês anterior.

Expectativa com o Supremo

Os M?bêngôkre-Kayapó, indígenas que serão afetados caso o governo federal insista na construção da Ferrogrão – que ligará o Mato Grosso ao Porto de Miritituba, no Pará, passando perto de reservas indígenas e ambientais – estão de olho no Supremo Tribunal Federal. No dia 15 de junho, o pleno do STF derruba ou mantém a liminar do ministro Alexandre de Moraes que suspendeu o andamento do processo. Melillo Dinis, advogado que é autor da Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF, esteve na região e conta que a maior queixa das muitas comunidades indígenas (que têm cerca de milhares de Kayapó) é sobre o desprezo da União, que nem sequer dispôs a ouvi-los.

Nada de descontar sem contrato

Um banco terá de indenizar correntista em R$ 15 mil, a título de danos morais, por fazer descontos em conta de cliente referente a crédito pessoal não contratado. A decisão é da juíza Renata Eliza Fonseca de Barcelos Costa, de Curitiba. Pela falha na prestação de serviço, o banco também deverá restituir, em dobro, os valores já descontados. Uma mulher ajuizou ação contra um banco – o nome é mantido em segredo – alegando que verificou descontos indevidos em sua conta. Ao procurar o banco foi informada de que se tratava de um desconto por crédito pessoal contratado. No entanto, a autora disse que não celebrou a contratação do serviço e não autorizou descontos em sua conta. O banco argumentou que ela havia tido ciência da contratação, mas não conseguiu achar um só documento com essa anuência por parte da correntista. Perdeu. A decisão abre caminho para outras.

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