Na abertura da Semana de Combate ao Feminicídio da Câmara Legislativa, cuja programação se estende até sexta-feira (15), a deputada distrital e Procuradora Especial da Mulher, Paula Belmonte (Cidadania), deixou claro que tem aperfeiçoado a arte de ocupar o centro político.
Moderada e articulada, foi prestigiada (foto) por nomes da esquerda: os distritais Max Maciel (PSOL) e Ricardo Vale (PT), além do deputado federal Reginaldo Veras (PV). No salão, onde abriu a exposição “Feminicídio na Mídia”, da jornalista e professora Anna Maduro, a imagem era a de uma parlamentar que circula com naturalidade entre correntes ideológicas opostas.
Mirando o alto
Em tempos de discursos inflamados e campos políticos fechados, Paula tem apostado na escuta e no diálogo como marcas do seu trabalho. Já defendeu pautas conservadoras, mas hoje coleciona interlocutores nas mais diversas frentes, construindo uma rede que lhe dá fôlego para voos mais altos. Na política, poucos transitam assim, e menos ainda o fazem sem perder a identidade.
O evento, que também contou com representantes da Secretaria de Segurança Pública e a reitora da UnB, Rozana Naves, serviu para reforçar sua imagem de ponte entre mundos. E, no jogo de xadrez político, quem consegue sentar-se à mesa com todos costuma sair alguns lances à frente.
Donizet licenciado, mas na pauta

Afastado da Câmara Legislativa até o fim deste mês, o deputado distrital Daniel Donizet (MDB) continua no centro das atenções. Na sexta-feira, 15 de agosto, a Câmara dos Deputados vai discutir, em audiência pública, as denúncias de assédio sexual que pesam contra ele.
A sessão é organizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, que tem entre suas integrantes a deputada federal brasiliense Érika Kokay, do PT (foto).
Solidariedade
A petista foi autora de moção de solidariedade aprovada pela Comissão em apoio à deputada distrital Paula Belmonte, Procuradora Especial da Mulher da Câmara Legislativa, que sofreu ataques após atuar nos casos envolvendo Donizet.
No documento, Érika exaltou a firmeza de Paula na defesa dos direitos das mulheres, repudiou tentativas de intimidação e lembrou que a parlamentar já pediu, em nome da Procuradoria, a suspensão de Donizet por 90 dias, citando episódios como o flagrante de embriaguez ao volante, interferência na Polícia Militar e denúncias de assédio sexual, omissão de socorro, abuso de poder e tentativa de extorsão.
Choque de agendas
Convidada para o evento, a deputada Paula Belmonte não poderá ir à Câmara dos Deputados, já que comanda, na Câmara Legislativa, uma programação extensa na Semana de Combate ao Feminicídio, que ocorre até sexta-feira.