Tinha tudo para dar errado. Após apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro e eleger governadores como Tarcísio de Freitas em São Paulo ou senadoras como Damares Alves no Distrito Federal, o Republicanos aceitou um ministério no governo Lula e, claro, deve dar-lhe ao menos um razoável número de votos no Congresso. S
Só que as reações são as mais díspares possíveis. O novo ministro Sílvio Costa Filho, que assume nesta quarta-feira, 13, os Portos e Aeroportos, não perdeu tempo em avisar que é contra a privatização do Porto de Santos, reivindicação fundamental para o governador Tarcísio de Freitas. De outro lado, militantes mais ortodoxos do partido falam em sair pela simples possibilidade de socorrerem Lula em votações.
O ex-vice-presidente e hoje senador Hamilton Mourão pensa até em se filiar ao Partido Novo. Já Damares Alves é definitiva: “Não vou sair do Republicanos e ponto!”
Todos se acomodam
Existe uma razão para isso. É que a direção nacional do Republicanos, assim como as direções regionais, não pretende criar obstáculos para os projetos pessoais dos seus detentores de mandato. Para isso pesa muito o fato de que a coluna dorsal do partido não é ideológica, mas vinculada à Igreja Universal. Seu presidente nacional, o bispo licenciado Marcos Pereira, mostra isso
. Ele garante que participar do governo Lula não significa adesão ao governo, mas tem lá suas aspirações. Hoje primeiro vice-presidente da Câmara, sonha em suceder ao poderoso Arthur Lira. Para isso precisará de votos da bancada governista. O princípio vale para todos.
A senadora Damares, por exemplo, sabe que o Republicanos endossará o projeto que ela tiver para as próximas eleições, inclusive eventual candidatura ao Buriti, o que ela não teria garantido em qualquer outra legenda.