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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Orgulho hétero

Arquivo Geral

08/11/2017 7h00

É na terceira semana do mês de junho que o deputado Rodrigo Delmasso (Podemos) quer comemorar a Semana da Difusão da Cultura Heterossexual. Ele apresentou um projeto ontem à Câmara Legislativa sugerindo a inserção do evento ao Calendário Oficial de Eventos do Distrito Federal, que nem sequer existe oficialmente. Na justificativa, o parlamentar evangélico diz que a proposta tem o objetivo de “resguardar direitos e garantias aos heterossexuais de se manifestarem e terem a prerrogativa de difundirem a cultura e não serem discriminados por isso”. E diz que, quando se discute preconceito contra homossexuais, “acabam criando outro tipo de discriminação contra os heterossexuais”. No texto, Delmasso fala que o estímulo da “ideologia gay” supera todo e qualquer combate ao preconceito.

Sempre as famílias

O parlamentar justifica a necessidade de se criar uma semana para exaltar a heterossexualidade, com o argumento de que as famílias não devem se envergonham da sua condição. Delmasso é cristão e ressalta isso no texto protocolado ontem. Por isso, ele diz, é que aprendeu a respeitar “os homossexuais e as lésbicas”. Mas, mesmo assim, quer criar um evento que reforce a união conjugal firmada entre homem e mulher. “Tenho feito do meu mandato e da minha atuação parlamentar instrumentos de valorização da família”, repete também no texto do projeto de lei, que já foi motivo de discussão até entre os assessores parlamentares, tamanho o espanto dos técnicos diante da irrelevância da norma que se pretende criar.

“Bons costumes”

“Qual é o problema de se ter uma semana para difundir os bons costumes heterossexuais?”, rebate o deputado, quando confrontado com a pergunta sobre a relevância da propositura. Quanto aos conteúdos que podem ser trabalhados dentro das “boas práticas heterossexuais”, estão: “Como o homem deve tratar uma mulher e como uma mulher tratar um homem”, ele responde. Delmasso justifica ainda que a semana vai difundir duas outras coisas, além dos tais bons costumes: “O que a ciência diz, que homem é homem e mulher é mulher; e a valorização da entidade familiar, cuja base é a conjunção carnal entre homem e mulher.”

Nas escolas também

E mais: ele pretende que a tal Semana da Difusão da Cultura Heterossexual seja levada até os currículos escolares, como atividade extra. Para isso, a data foi criteriosamente escolhida. “É a última semana do semestre letivo.”

Comissão polarizada

As reuniões da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa têm tido discussões e votações bem polarizadas. Enquanto o presidente Reginaldo Veras (PDT) e Israel Batista (PV), ambos professores, se posicionam em um extremo, no outro, estão os evangélicos Rodrigo Delmasso (Podemos) e Julio Cesar Ribeiro (PRB). Não é sempre que Celina Leão (PPS) aparece por lá.

Hummmmm…

Foi aprovado ontem pela Comissão de Economia, Orçamento e Finanças da Câmara Legislativa um projeto de lei que estabelece normas para inclusão de produtos orgânicos na alimentação fornecida aos pacientes dos hospitais da rede pública do DF. O texto é de autoria do presidente da Casa, deputado Joe Valle (PDT), que sugere que as refeições tenham pelo menos 50% de produtos orgânicos, com preferência dos produzidos no DF dentro conceito de agricultura familiar. Além de político, Joe é engenheiro florestal e proprietário de uma conhecida empresa que produz justamente orgânicos.

A base é a mesma

É com boas doses de bom humor que Agaciel Maia (PR) tem levado a Liderança de governo na Câmara Legislativa. Ontem, quando se esperava quórum para iniciar as votações no Plenário da Casa, o deputado Chico Vigilante (PT) chegou a propor a implementação de ponto eletrônico para os parlamentares. E, enquanto se discutia sobre as constantes faltas e dificuldade de se estabelecer quórum para votações, 14 distritais surgiram no Plenário e a pauta começou a ser apreciada. “Para registrar”, Agaciel pediu a palavra e ressaltou que a maioria dos presentes era da base. E concluiu: “A base continua a mesma, o esmalte é que às vezes é diferente.”

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