Menu
Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Ogronegócio ou Agronegócio

Mesmo um diálogo com a ex-ministra da Agricultura e hoje senadora Teresa Cristina, que tinha tudo para azedar, transcorreu em boa paz

Eduardo Brito

23/08/2023 19h40

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Rompendo uma prática de evitar aparições no Congresso – sempre que convidada, ela manda representante – a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aceitou convite da senadora brasiliense Leila Barros para um depoimento na Comissão de Meio Ambiente.

Todos esperavam um clima bélico, já que a comissão tem forte presença de senadores ligados ao agronegócio. Para surpresa geral, o clima foi ameno, cordial até. Mesmo um diálogo com a ex-ministra da Agricultura e hoje senadora Teresa Cristina, que tinha tudo para azedar, transcorreu em boa paz.

Teresa Cristina cobrou Marina por ter dito que o “Ogronegócio” não pode “prevalecer sobre o Agronegócio”. A ministra desviou, explicando o contexto correto de sua fala era que “98% do agronegócio era de pessoas que desenvolviam bom trabalho, mas 2% são criminosos, o ogronegócio”.

Teresa Cristina pediu “de mulher para mulher” que evitasse a palavra “ogro”, mesmo como metáfora. Aí foi demais. Marina disse que dizer que todo o agronegócio é bom era a mesma coisa que afirmar que todas as ONGs são más. E que ela continuaria, sim, até para dar chance de que se corrigissem. No fim, tudo acabou bem.

Sentiu a barra

Surgida aparentemente do nada, a referência de Marina às ONGs mostrou que a ministra está sensível à ação da CPI das ONGs, reunida também no Senado, que tem mostrado desvios na ação dessas entidades.

A CPI mal começou, mas já revelou que as grandes ONGs recebem milhões de dólares do exterior, mas que esse dinheiro se perde em atividades-meio e jamais chegam às mãos de índios e ribeirinhos da Amazônia.

Marina teve a seu lado, durante todo o tempo do depoimento, o secretário executivo de seu ministério, João Paulo Capobianco, ligadíssimo às ONGs.

Endosso ao projeto do crédito de carbono

Marina Silva também confirmou que o governo deverá apostar no trabalho da senadora Leila Barros para a futura lei dos créditos de carbono.

Leila disse que o relatório já apresentado tem base nas propostas do governo, mas o debate está começando e espera o máximo de participações.

Marina lembrou que o texto do governo – na verdade, vindo em sua maior parte do Ministério da Fazenda – já passou até pelo Conselhão, aquele que reúne empresários e figurões do governo.

Isso significa que o texto sobre mercado de carbono terá protagonismo do Senado, que será a câmara revisora, ou seja, dará a palavra final.

Caso o governo mandasse um projeto próprio, ele começaria a tramitar pela Câmara, de lá iria ao Congresso e terminaria mais uma vez pela Câmara, com tudo o que isso significa.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado