Quem se lembra do barraco armado no Senado, na semana passada, por conta da ministra indicada para o Superior Tribunal Militar (STM) que se apresentou como mestra quanto não tinha o título? Pois é, o senador Carlos Portinho fez a lição de casa, esquadrinhou o currículo da advogada e descobriu que ela tinha, sim, se matriculado no mestrado, mas não concluiu o curso, não apresentou dissertação e, portanto, não tem qualquer direito de exercer o título.

Ela admitiu que interrompera os estudos e culpou uma gravidez e a grave doença do pai. O mundo caiu, com a chamada “bancada feminina”, majoritariamente de esquerda, acusando os críticos de machismo. A senadora Eliziane Gama chegou a comparar a advogada, de nome Verônica Abdalla Sterman, a uma rapadura, “uma figura doce, mas que sabia ser dura”.





Na verdade, todo mundo sabia o que estava fazendo. Verônica Abdalla Sterman fora a defensora da atual ministra Gleisi Hoffmann e de seu então marido, o ministro Paulo Bernardo — nada a ver com o atual namorado, Lindbergh Farias — durante as acusações da Operação Lava Jato. Assim como Cristiano Zanin, advogado pessoal de Lula que está hoje no Supremo Tribunal Federal ao lado de Alexandre de Moraes, Verônica Sterman mereceu a indicação para tribunal superior, mesmo apresentando-se como mestra sem ter mestrado. E foi aprovada, embora com 16 surpreendentes e raros votos contrários.