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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Fechada a chapa de Ibaneis

A reorganização da chapa significa que ele prefere seguir rumo próprio, mesmo com o risco de enfrentar Arruda nas urnas, caso ele confirme a retomada de seus direitos

Eduardo Brito

14/07/2022 5h00

Depois de um dia de muita tensão, foi anunciada no início da noite de ontem a chapa com que o governador Ibaneis Rocha disputará a reeleição. Terá a deputada federal Celina Leão como candidata a vice e a ex-ministra Damares Alves para o Senado. Na prática, isso significa que Ibaneis concorrerá sem alianças com a deputada Flávia Arruda e, em especial, com o marido dela, o ex-governador José Roberto Arruda, apesar dos muitos entendimentos que tiveram nos últimos meses. Flávia, inclusive, era sempre apontada como a candidata a senadora na coligação de Ibaneis. Foi a movimentação política de Arruda após a recuperação de seus direitos eleitorais que irritou Ibaneis. A reorganização da chapa significa que ele prefere seguir rumo próprio, mesmo com o risco de enfrentar Arruda nas urnas, caso ele confirme a retomada de seus direitos.

Uma longa reunião para definir

Nesta quarta-feira, Ibaneis reuniu em sua casa os presidentes regionais dos partidos que em tese estavam em sua base na campanha pela reeleição. Ficaram em torno da mesa Celina Leão (PP), Rafael Prudente (MDB), Flávia Arruda (PL), Lucas Kontoyanis (PMN), Daniel Tourinho (Agir), Wanderley Tavares (Republicanos), Paco Britto (Avante) e Paulo Octávio (PSD) para discutir quem serão os candidatos a vice-governador, ao Senado e às suplências na chapa em que o atual chefe do Executivo disputará a reeleição. Na verdade, o que se definia é quem está dentro para valer e quem deve sair – tudo isso, claro, diante da nova realidade criada pela possibilidade de Arruda concorrer às eleições. A mulher dele, Flávia Arruda, compareceu como presidente do PL e chegou cedo, ficando o tempo todo. Ibaneis, que inspecionara várias obras na véspera, permaneceu por lá todo o tempo. Foi um encontro fechado.

Com Bolsonaro

Só às 20h foi feito o anúncio oficial. Descobriu-se a razão da demora quando se chamaram os participantes do evento organizado às pressas para o anúncio, no Senado. Lá apareceram o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e toda a cúpula dos partidos integrantes da chapa: PP, MDB e Republicanos. Isso significava o endosso do comando bolsonarista à chapa, mesmo com o PL do presidente – e do casal Arruda – fora da jogada. Dos antigos participantes da coligação, não a integram o PSD do ex-senador Paulo Octávio e o Avante do atual vice Paco Britto, além do PL, claro.

Futuro de Arruda

As definições de José Roberto Arruda ainda terão de esperar. A palavra final sobre sua elegibilidade será dada pelo Supremo Tribunal Federal apenas depois de 3 de agosto, com o julgamento da repercussão geral da nova lei da improbidade administrativa. Está claro, porém, que ele deverá contar com o PSD de Paulo Octávio e com o União Brasil, cheio de fundo eleitoral e de tempo de televisão, que está doido para trair o senador José Antonio Reguffe.

Izalci e Paula seguem para próximo round

A reunião do conselho nacional da federação PSDB-Cidadania, com as presenças dos presidentes Roberto Freire e Bruno Araújo, não entregou a ninguém o controle de sua regional brasiliense. Chegou-se a garantir que o senador Izalci Lucas assumiria esse controle, mas os integrantes do comando, após um longo exame das verbas partidárias, evitaram colocar esse ponto em votação. Em vez disso marcaram para as 14h de amanhã, a instalação do conselho regional da federação. Essa medida vinha sendo barrada pelo senador Izalci, mas agora a decisão está tomada. Esse conselho obedecerá a disposição estatutária relativa à votação de deputados federais em 2018, significando que terá 70% das vagas preenchidas pelo Cidadania e 30% pelo PSDB, pois no caso do Distrito Federal o mais votado foi o Cidadania. O senador comprometeu-se a participar dessa reunião, em que representará o PSDB. Dessa forma, a deputada Paula Santana não está fora do comando brasiliense da federação. Mesmo assim, a executiva nacional indicou Izalci Lucas como presidente regional da Federação no Distrito Federal. E os 15 integrantes do PSDB – entre os 19 que compõem o colegiado nacional – reafirmaram sua preferência pelo senador como candidato ao Buriti. Na reunião do dia 15, o novo conselho regional definirá a política de alianças no Distrito Federal. Mas a novela não terminará aí. A bola voltará ao colegiado nacional que se reúne na terça-feira, 19, para analisar o resultado da reunião da aliança local.

À busca de adesões

O evento brasiliense da federação PT-PV-PCdoB, com a presença de Lula, na noite de terça-feira, 12, evoluiu para uma série de contatos políticos do ex-presidentes com parlamentares, sempre acompanhado do candidato ao Buriti, Leandro Grass, e do candidato a vice, Geraldo Alckmin. Deu direito até a almoço ontem, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, rodeado pelos senadores que ostensivamente apoiam a candidatura petista, como toda a bancada do partido, mais Randolfe Rodrigues e outros lulistas já declarados. Houve surpresas, como um senador de Mato Grosso e outro de Mato Grosso do Sul, ambos do PSD, além de emedebistas. Antes disso, quase 150 parlamentares estiveram com Lula. De novo, quase todas as bancadas que o apoiam, mas também adesões inesperadas do MDB, PSD e PP.

Unidade em Brasília

Durante os encontros da manhã desta quarta, o ex-governador Geraldo Alckmin teve uma conversa com o candidato Leandro Grass. Indicado vice de Lula pelo PSB, Alckmin assegurou que tem se empenhado para que haja unidade em Brasília por todos os partidos de sua vertente. Não chegou a revelar
se vai fazer algo em relação à escolha de Rafael Parente para disputar o Buriti, mas Grass interpretou a declaração como um sinal de que o PSB ainda está em análise sobre a candidatura própria.

Direito a cantoria

O evento de lançamento da chapa petista estendeu-se pela noite. Teve até o candidato ao Buriti, Leandro Grass, arriscando-se a cantar versos, “Eu sinto que está chegando a hora”, de Alceu Valença, com algum acompanhamento da plateia. Lula condenou a violência na campanha e invocou seu próprio exemplo: “Fui candidato desde 1982 e não tem nenhum sinal ou história de violência nas campanhas de que eu participei”, relatou, citando inclusive a superpolarizada eleição contra Collor em 1990. Como se anunciava, o evento foi aberto a todos os partidos que apoiam Lula para a presidência, mesmo que estejam em outras chapas no Distrito Federal. Assim, Keka Bagno, candidata ao Buriti pelo PSOL, e Rafael Parente, candidato pelo PSB, puderam usar o microfone. Na prática, foi frustrante. Só lhes foi permitido falar por três minutos e, pior, intercalados com sindicalistas sem qualquer peso político. Keka e Rafael Parente vão repensar suas participações nesse tipo de ato e falaram em organizar atos que unam PSB, PSOL e Rede.

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