Mesmo afastado do posto, o governador Ibaneis Rocha manifestou nesta segunda-feira, 9, a convicção de que “ao curso da apuração das responsabilidades será devidamente esclarecido o papel de cada um dos agentes públicos, bem como a disposição do governo do Distrito Federal no sentido de evitar todo e qualquer ato que atentasse contra o patrimônio público de nossa capital”.
Ibaneis conta com um trunfo.
O secretário de Segurança em exercício, Fernando de Souza Oliveira, falou várias vezes com ele nas horas que antecederam a invasão das sedes dos três poderes, sempre tranquilizando-o a respeito do clima dos manifestantes da Esplanada.
O último telefonema ocorreu menos de uma hora antes da invasão. Cabia a Oliveira acompanhar a ação dos militantes, já que o secretário titular, Anderson Torres, viajou aos Estados Unidos.
O secretário disse a Ibaneis que a manifestação era totalmente pacífica. Mesmo assim, o governador lhe determinou que colocasse tudo na rua, ou seja, que usasse todo o efetivo policial previsto.
Ibaneis tem todos esses diálogos gravados. Em consonância, ao assumir o governo interinamente, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, a vice Celina Leão criou um gabinete de crise, para colaborar de todas as formas com as investigações.
A Controladoria Geral analisará a possível participação de servidores nos atos – o que evidentemente inclui a ação policial. Ibaneis não recorrerá da decisão de Alexandre de Moraes.
Nada de rupturas
A governadora em exercício, Celina Leão, determinou que todas as orientações do governo Ibaneis sejam mantidas.
Seguirão as metas, estratégias, obras e inaugurações já previstas. Tudo está mantido, avisou a governadora. O GDF, disse Celina, “seguirá trabalhando normalmente, mantendo as agendas previamente acertadas, com lançamento de obras e entregas”.
Não haverá também mudanças de equipe. Antes disso, Celina condenou formalmente a manifestação.
Afirmou que “democracia não é invasão e dilapidação do patrimônio público”, além de considerar “inadmissível” a “invasão dos Poderes da República”.
Oposição no ataque
Celina ainda nem tinha assumido e o candidato derrotado da oposição ao Buriti, Leandro Grass, já partia para o ataque.
Acusou: “no lugar de Ibaneis, assume Celina Leão, uma bolsonarista declarada que acompanhou Michelle e Damares no projeto Mulheres com Bolsonaro e trabalhou muito pela reeleição do criminoso”. Concluiu: “a cidade segue nas mãos de alguém que se alinhou com o fascismo”.
Apoio do Republicanos, do MDB e do empresariado
A executiva do Republicanos condenou a depredação das sedes dos Três Poderes e avisou que, sobre o afastamento de Ibaneis, “acredita no trabalho do governador, que tem um histórico de homem democrático, defensor da lei e da ordem, durante sua atuação na gestão pública e na democracia”.
Também o MDB brasiliense disse que “o terrorismo não calará a voz do povo brasileiro, que no dia 30 de outubro definiu nas urnas o seu desejo”, e reiterou que deseja “o retorno do governador Ibaneis Rocha ao GDF e a apuração rigorosa dos fatos, com punição dos envolvidos”.
Em outro manifesto, 13 das principais organizações representativas do empresariado brasiliense pediram o restabelecimento da gestão de Ibaneis e se posicionaram “contrários a todo e qualquer tipo de intervenção que fira a autonomia política e administrativa do Distrito Federal, sem a devida apuração dos fatos e que não respeite o devido processo legal”.