Expressando a posição da bancada oposicionista, no início da tarde desta quinta-feira, 16, a senadora brasiliense Damares Alves, do Republicanos, criticou a atuação de governistas para barrar a convocação do vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, José Ferreira da Silva. Conhecido como Frei Chico, o sindicalista é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi nomeado para esse cargo em fevereiro de 2023, graças à articulação direta do atual chefe do Executivo.
“Não queríamos o pré-julgamento do irmão do Lula, mas que ele esclarecesse se teve alguma influência política dele enquanto vice-presidente do Sindicato. Gente, após a nomeação do Frei Chico para o cargo explodiram os descontos associativos fraudulentos dessa entidade. Os governistas realmente acham que não há o que se explicar?”, protestou a senadora.
O requerimento de convocação de Frei Chico foi rejeitado por 19 votos a 11. O Sindnapi é uma das entidades investigadas pela comissão e, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), está entre os maiores fraudadores de aposentados no esquema revelado pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal. “Presidente e vice-presidente respondem pelos atos da instituição”, alertou a parlamentar, para rebater o argumento dos governistas de que não há participação de Frei Chico no esquema.
O governo também conseguiu barrar quebras de sigilo contra a publicitária Danielle Miranda Fontelles. Ela já trabalhou para campanhas petistas e, de acordo com documentos recebidos pela CPI, recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes. Conhecido como Careca do INSS, ele é uma das figuras mais conhecidas do escândalo de descontos em aposentadorias. Sua defesa nega irregularidades. O requerimento sobre Fontelles foi rejeitado pelo mesmo placar, 19 votos a 11.
Bia Kicis cobra definição dos governistas

Após votar pelas duas convocações, a deputada brasiliense Bia Kicis cobrou uma posição coerente do governo. Disse que “ou a base governista para de blindar os suspeitos e os investigados ou para com a narrativa hipócrita de que querem investigar e punir os culpados pelo roubo bilionário dos pensionistas e aposentados do INSS. Ou uma coisa ou outra. As duas, não dá.”
Em que pese suas próprias posições, Bia Kicis transmite uma constatação cada vez mais frequente: a bancada ligada ao Planalto tem um único objetivo na CPI do INSS — procurar transferir o ônus dos desvios para o governo Bolsonaro.
Os oposicionistas catalogaram, por exemplo, os pronunciamentos do deputado petista Paulo Pimenta, ex-ministro de Lula. Todas as vezes em que utilizou a palavra na CPI, onde é dos mais assíduos, Pimenta procurou apenas desviar o foco dos debates, que ameaçavam sindicatos ligados ao atual governo, para denúncias envolvendo o governo Bolsonaro. Esse confronto tende a se tornar cada vez mais comum na CPMI.