Menu
Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Colheita

Arquivo Geral

21/12/2018 7h00

Atualizada 20/12/2018 22h55

O governador eleito (e diplomado) Ibaneis (MDB) não quer ficar chorando pitanga em janeiro, até porque a safra boa da fruta é em outubro. Desde a campanha, ele tem jurado que não vai ficar se lamentando por erros do governo passado e que se concentrará apenas no futuro. A orientação parece ter sido passada a todos os interlocutores do seu grupo.

Dá bilhão?

Ontem, durante a apresentação do relatório final da transição (leia mais na página 8), sua equipe voltou a projetar um rombo bilionário nos cofres públicos, bem acima do que Rollemberg tem divulgado. O vice Paco Britto, ao comentar o assunto, foi garantiu que isso seria resolvido porque a transição já captou R$ 1 bilhão, junto ao governo federal, para a cidade. Se a postura se mantiver, será algo inédito desde a reeleição de Roriz em 2002.

Bola pra frente

O prognóstico da equipe de Ibaneis é de caos na gestão e todo o pacote de reclamações que até o governo Arruda fez em relação à gestão de Joaquim Roriz. Todos os seus aliados, porém, tem repetido à imprensa o discurso de resolver, não se lamentar.

Deja Vu

Vários eleitos em pleitos realizados no mês da fruta, quando assumem, costumam aproveitar o simbolismo para chorar as pitangas em janeiro e reclamar que o governo anterior deixou a cidade quase ingovernável e que será necessário esforço hercúleo para equilibrar as contas. Rollemberg só parou de reclamar este ano.

Como vota, deputado?

A dupla de petistas que estará na Câmara Legislativa a partir de 2019 – dá para chamar dois deputados de bancada? – declarou apoio para Cláudio Abrantes (PDT) na disputa pela presidência da Casa. O reeleito Chico Vigilante, que se identifica como oposição ao futuro governo, disse que o fato de o pedetista ter apoiado Ibaneis durante a campanha não é uma contradição.

Dentro e fora

Sempre que questionados abertamente, Ibaneis e seu vice, Paco Britto, reafirmam as posições de não interferir no processo de escolha do próximo presidente da CLDF. Só que os deputados distritais eleitos têm acionado o novo governo repetidamente. O telefone também tem tocado bastante. Dos nomes já postos, Abrantes e Rafael Prudente (MDB) têm trânsito com Ibaneis e, na teoria, seriam boas opções. A improvável Júlia Lucy (Novo) também colocou o nome à disposição, mas haja articulação política, no caso, para chegar com chances.

RP de luxo

Quando o deputado federal Vitor Paulo (PRB), que assumiu o cargo como suplente de Ronaldo Fonseca (Podemos), foi anunciado como futuro secretário de Relações Institucionais do governo Ibaneis, esperava-se que ele faria a articulação com a Câmara Legislativa também. A função é ligada à Casa Civil e costuma ter alguém que é a ponte entre Executivo e Legislativo. Só que Vitor Paulo se aterá à atuação no Congresso, onde tem maior trânsito.

Apoio local

O responsável pela articulação na CLDF, portanto, seria o novo titular da Casa Civil, Eumar Novacki. Quem soltou a informação foi o vice Paco Britto, mas a questão não está fechada. Na gestão Rollemberg, houve uma secretaria-adjunta de Assuntos Legislativos que colocou nomes ligados ao governador, como Marcos Dantas e Igor Tokarski, na relação com a Câmara. Verdade seja dita, não deu lá muito certo.

De olho no Buriti

Com mandato de oito anos e a possibilidade de disputar outras posições sem ficar desempregado, o cargo de senador é, por definição, um dos últimos degraus para se chegar ao governo. Um senador é, também, candidato natural a prefeituras, quando representa estados. No caso do Distrito Federal, ao menos dois dos atuais senadores – os recém eleitos e ainda nem empossados Leila do Vôlei e Izalci Lucas – já começaram a ser tratados como postulantes eventuais ao Buriti. José Antônio Reguffe, que está no meio do mandato, é visto antes como candidato à reeleição. Mas que pode concorrer também, isso pode.

Ex da lei
O senador brasiliense Cristovam Buarque foi o último a falar, ontem, na legislatura que se encerra. Ele até comemorou: “Eu saio, e é o meu último discurso, ficando até o último instante. Mas isso não quer dizer que eu vou me despedir. Quem olha para o futuro não se despede”. Ele salientou, depois, que não era seu último, mas sim “o primeiro discurso de ex-senador”.

Democracia com ressalva
Na sua fala, Cristovam lembrou que sua geração conseguiu chegar a um Brasil democrático, mas fez uma ressalva. “Não é plenamente democrático o país onde a política é corrupta, sem estabilidade. Não é plenamente democrático o país com instabilidade. Não é plenamente democrático um país com sustos, seja o susto de um presidente que faz o que quer, seja o susto de um juiz que faz o que quer, seja o susto de um Congresso que decide coisas que não são as melhores, como as chamadas pautas bombas, que podem prejudicar o próximo Governo”. Resumindo, tudo o que se viu no País durante as últimas horas.

Errou acertando
A propósito de juízes que fazem o que querem, Cristovam avaliou que, ao definir voto aberto para escolha da Mesa Diretora do Senado, o ministro Marco Aurélio de Mello acertou e errou. Acertou ao garantir a transparência da eleição, defendida por Cristovam. Mas errou ao interferir em outro Poder. Questões regimentais, como essa, constituem prerrogativas do Legislativo, que opera interna corporis.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado