Durante anos, o distrital Daniel Donizet fez o papel de bom moço, apostando no bem-estar dos pets. Sua grande bandeira era cuidar dos cãezinhos e gatinhos, inclusive desenvolvendo um programa de castração gratuita por todo o Distrito Federal. Sofreu uma série de acusações, que acabaram atribuídas a uma manobra suja do suplente, chegou a ser nomeado secretário, embora ficasse pouco tempo no cargo, e mudou de partido, ingressando no MDB de Ibaneis Rocha, mesmo depois de alguma resistência.
Agora, o barco virou. Ele já fora acusado de participar de festa em motel, quando um assessor seu praticou atos de violência contra uma das moças. Nada se provou e ficou tudo por isso mesmo. Aí, em um convescote no Rio Grande do Sul, protagonizou um incidente bizarro, ao tentar agarrar a veteraníssima Andressa Urani, em vez de pedir com bons modos. Há alguns dias foi flagrado em blitz policial, recusou-se a fazer o teste do bafômetro e ainda tentou uma carteirada. A turma achou que tinha ido longe demais.
A Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Legislativa protocolou, com cinco assinaturas, um pedido formal para a suspensão do distrital. A solicitação, apresentada em nome da Procuradoria Especial da Mulher, é amparada por denúncias de assédio, abuso de poder e crime de trânsito. Donizet licenciou-se do cargo, mas o processo foi aberto.
Prometeu “retomar o tratamento de saúde mental”, alegando que “com coragem e senso de responsabilidade, o parlamentar reconhece que a pressão emocional dos últimos meses se tornou insustentável, exigindo atenção imediata. Cuidar da saúde é um passo fundamental – não só para o bem-estar pessoal dele, mas também para seguir servindo com integridade a população do DF”. Não adiantou muito. O processo fala em quatro casos de assédio – sem contar o de Urani – e o MDB prepara sua expulsão.
Pode dar até em cassação
O presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz, anunciou que marcará para a primeira semana de agosto a reunião da Mesa Diretora que poderá acatar o pedido de cassação do deputado Daniel Donizet. De acordo com o presidente da CLDF, o processo de Daniel Donizet recebeu dois pedidos de vista por parte dos deputados Paula Belmonte (Cidadania) e Daniel de Castro (PP).
Paula tem exercido uma articulação cuidadosa, que já evitou o arquivamento precoce do processo contra Donizet. Agora, com o novo pedido, ancorado no Regimento Interno e no Código de Ética, ela eleva o tom, mas sem romper o estilo que a caracteriza: firme, mas institucional. Eles têm prazo para se manifestarem até a primeira semana de agosto, quando Wellington pretende se reunir com os demais membros da Mesa Diretora.
Antes dos últimos escândalos, Daniel Donizet sofrera na Casa três processos, mas a Procuradoria Geral da Câmara Legislativa parecer pelo arquivamento. Não só há novos processos, como esses três podem ser revistos. “Esses pareceres são meramente opinativos. Os deputados irão tomar suas decisões segundo suas consciências”, garantiu o presidente do Legislativo local.
A expulsão do MDB foi tomada após solicitação do governador Ibaneis Rocha e consulta a outras lideranças partidárias. Em nota, o MDB-DF reafirmou seu “firme compromisso com a ética e a transparência”. A decisão da executiva estadual indica que o partido buscará investigar a conduta do parlamentar, embora os motivos específicos que levaram à abertura do processo não tenham sido detalhados no comunicado. É possível que o distrital perca espaços no governo, sendo o principal deles a Administração Regional do Gama, reduto eleitoral de Donizet.