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Coluna Sommelier
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Vinho: alegria & sexo, com a benção dos deuses

Entre o sagrado e o profano, não é de hoje que ao vinho são creditados poderes de relaxamento, de desinibição e afrodisíacos

Mara Flora

16/12/2021 16h27

Vinho: alegria & sexo, com a benção dos deuses

Desde os primórdios o vinho transita entre o religioso e o profano. Considerado o “sangue divino” ou a “água da vida”, tem simbolismo em quase todas as culturas. Além dos rituais sacros, o homem relaciona o vinho e suas divindades e lendas à alegria, ao prazer, à lascívia, à felicidade.

No Egito, (3.500 a.C.) o deus Osíris era considerado o criador da civilização, o primeiro a cultivar e pisar a uva e obter o vinho – o senhor das vinhas, da bebedeira e dos festivais. Das divindades egípcias, a mais afeita ao vinho foi a esposa do deus Hórus, a deusa Hator, cujos olhos teriam surgido de dois grãos de uva. Era a deusa do amor, dos prazeres, da fertilidade, da alegria, da beleza, da música, da embriaguez.

Na península itálica, os etruscos (1.200 a.C.). adoravam o deus Fufluns, senhor das plantas, do vinho e da felicidade.

A mitologia grega (1.150 a.C.) retrata Dionísio como o deus do vinho, da fertilidade, da folia, da loucura e do teatro, também chamado de deus da libido. Simbolicamente, sua natureza refletia os efeitos da embriaguez – às vezes alegre e radiante de êxtase divino, às vezes raivoso e irracional. Filho do poderoso Zeus e esposo de Ariadne, inventou o vinho e difundiu o cuidado com as videiras.

Mais conhecido entre nós, Baco é a versão romana do deus grego Dionísio. Deus do vinho, da ebriedade e da natureza, as festas em sua homenagem foram incorporadas da Grécia Antiga e chamadas de bacanais ou bacanálias. Os devotos se embriagavam com muito vinho e se dizia que Baco ou Dionísio possuía seus corpos. Em meio à bebedeira havia choro, nudez e dança em que as bacantes – sacerdotisas do deus – dançavam desenfreadamente. Embora controversa, diz a história que tais bacanais seriam orgias de libertinagem e sexo sendo que, em 186 a.C., o Senado romano decretou a proibição dessas festas, permitidas somente em ocasiões específicas. O fim das bacanálias é atestado com o advento do catolicismo como religião oficial do Império Romano. Mesmo assim, em algumas igrejas de Roma podem-se observar imagens de Baco/Dionísio escondidas nas pinturas e arquitetura, uma entiva de disfarçada de cultuar o deus do vinho e dos prazeres.

Várias outras entidades e lendas têm “relação alegre ou lasciva” com o vinho. No Zoroastrismo, o deus da sabedoria Ahura Mazda pode evocar a embriaguez. Para os persas, o grande rei Yamshid descobriu o vinho e seus prazeres lascivos. No taoismo a divindade vínica chama-se Lan Tsai Hou, ou Lan Caihe, um deus beberrão que falava sempre a verdade e vivia nas praças cantando – na mitologia chinesa ele é um dos Oito Imortais e foi alçado aos céus em um dia de bebedeira e cantoria.

Noé, o homem que sobreviveu ao dilúvio universal com sua arca, tão logo desembarcou plantou vinhas, e “bebeu do vinho, e embebedou-se; e ficou nu em sua tenda” (Gênesis). Na Bíblia, são inúmeras as citações sobre vinho, várias delas referindo-o ao prazer, à felicidade, ao hedonismo. O Cântico dos Cânticos, ou Cânticos de Salomão (rei de Israel 990 a.C. – 931 a.C.), pode ser chamado de “livro erótico” da Bíblia, do qual destaca-se o diálogo entre “dois amantes que se elogiam e se desejam com convites para o prazer mútuo” e que faz bela alusão ao vinho e à videira:

“Como são graciosos os teus pés nas tuas sandálias, filha de príncipe! A curva de teus quadris assemelha-se a um colar, obra de mãos de artista; teu umbigo é uma taça redonda, cheia de vinho perfumado; teu corpo é um monte de trigo cercado de lírios; teus dois seios são como dois filhotes gêmeos de uma gazela; “E o perfume de tua boca como o odor das maçãs; teus beijos são como um vinho delicioso que corre para o bem-amado, umedecendo-te os lábios na hora do sono.”

“Eu sou para o meu amado o objeto de seus desejos. Vem, meu bem-amado, saiamos ao campo, passemos a noite nos pomares; pela manhã iremos às vinhas, para ver se a vinha lançou rebentos, se as suas flores se abrem, se as romãzeiras estão em flor. Ali te darei as minhas carícias.” (Cântico dos Cânticos, 7 – Bíblia Católica Online)

Portanto, não é de hoje que ao vinho são creditados poderes de relaxamento, de desinibição e afrodisíacos. A culpa, primeira e obviamente, é do álcool, e também da abundância de polifenóis, entre outras propriedades na bebida. Isso estimula um comportamento mais desinibido e lascivo e provoca uma intensa sensação de bem-estar.

Várias pesquisas vêm corroborando com essa premissa e são muitas as publicações sobre o assunto. Dentre tantas, sugere-se ler – a dois e bebendo um bom vinho – algumas da Revista Super Interessante:

“Beber vinho deixa sua vida mais feliz”

Beber vinho deixa sua vida mais feliz”

Casais que bebem juntos têm menos problemas

Depois disso, é só dar uma espiada no sex shop virtual https://www.valensexy.com.br/ para tomar mais um “impulso”:

Daí para uma noitada de amor com certeza não faltará a companhia perfeita. E como não pode faltar romantismo, vai aí uma poesia:

Dos deuses!

“Há séculos deus Dionísio
Sabidamente deu início
Ao reino da uva na Terra
E veio suco, vinho e cerva!!

Sangue divino tem poder
Fez d’água vinho pra beber!
Vinhas sagradas dos monges
Tinham bacanais ao longe…

Mundo regado a pão e vinho
Onde nosso amor fez ninho:
Harmoniza corpo e mente!!

Terroir de prazer do deus Baco
Coisas de deus e do diabo?
Dá ao seu corpo frio alma quente!”
(Gambá 2021)

Então, com a benção dos deuses, bora beber vinho e ser mais feliz, minha gente!!!

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