Se você está lendo esse texto é porque está curioso para conhecer o sommelier e o enólogo deste ano. Mas antes de divulgar os respectivos nomes, me sinto na obrigação de esclarecer um ponto que ainda gera confusão entre as pessoas: a diferença entre um e outro.
De forma bem sucinta, o enólogo é quem faz o vinho. Já o sommelier é o responsável pela venda, serviço, armazenamento e carta de vinhos. Para ficar ainda mais claro, é só pensar que o trabalho do sommelier começa quando o do enólogo termina. Vale lembrar que para ser enólogo, é exigido diploma de curso técnico ou superior. Para ser sommelier, cursos são extremamente importantes, mas não, obrigatórios.
Atualmente, tornar-se enólogo ou sommelier no Brasil não é algo difícil. Difícil é se destacar na profissão. É aí que entra o trabalho das associações de classe, como a Associação Brasileira de Sommeliers – ABS e a Associação Brasileira de Enologia – ABE, cujas atividades giram em torno do aperfeiçoamento de seus associados por meio de cursos, palestras, eventos e competições.
Concurso Brasileiro de Sommeliers
A ABS, por exemplo, promove desde 1991 o Concurso Brasileiro de Sommeliers. A prova é difícil e consiste tanto em teste escrito como em prova prática – com análise de bebidas às cegas, preparação de drinques, serviço de vinho e espumante, harmonização de menu, correção de carta de vinhos etc. Uma banca composta por diretores das seccionais da ABS, inclusive do DF, julgam os participantes. Este ano, o carioca Renato Cirilo Neves, que já havia conquistado o mesmo título em 2019, sagrou-se bicampeão e irá representar o Brasil no Concurso Mundial de Sommeliers que será realizado em Paris em 2023.
Renato Neves é sommelier profissional pela ABS-RJ e tem na bagagem a experiência em restaurantes conceituados como Fasano, Quadrifoglio e Sal Gastronomia. Atualmente trabalha no Casa Camolese no Rio e é consultor da Serrado Vinhos. Para ele, vencer um concurso de tamanha relevância é o ápice da carreira de sommelier, mas enfatiza que antes de tudo é preciso amar o ofício e estudar muito para exercer a profissão com maestria. “Um sommelier precisa ter amor pelo trabalho e ser um grande pesquisador. É necessário entender o mundo – História, Química, Botânica, Comércio Exterior, Vendas, Gastronomia, Atendimento etc – além disso, é preciso saber planejar a carreira, ter forças para encarar os desafios e ser resiliente”, enfatiza o vencedor do 12º Concurso Brasileiro de Sommeliers realizado em outubro.
O vencedor do Concurso Nacional de Sommeliers 2021 ladeado por diretores da ABS-DF e ABS-RJ Renato Cirilo Neves durante a competição. Etapa – Serviço de Vinho
Enólogo do Ano
Alejandro Alberto Cardozo Rapetti, sócio da Empresa Brasileira de Vinificações – EBV – e consultor de mais de 20 vinícolas, foi escolhido por seus pares da Associação Brasileira de Enologia (ABE) o Enólogo do Ano de 2021. Essa eleição acontece todos os anos desde 2004 e objetiva homenagear o profissional da área, cuja data é comemorada em 22 de outubro. A escolha segue um regulamento de três etapas e leva em consideração critérios como formação na área, tempo mínimo na atividade, experiências, desempenho, carisma e reconhecimento perante os integrantes da ABE, etc.
Para Alejandro, que é uruguaio mas vive no Brasil há quase 20 anos, é uma sensação única receber o reconhecimento da ABE. “A Associação tem profissionais de enorme peso e qualidade, com ampla trajetória no cenário do vinho nacional. Ter sido eleito é motivador! Sou muito grato ao Brasil pela oportunidade e acolhimento. Aqui me sinto em casa e nunca um estrangeiro”, desabafa o enólogo do ano de 2021, que também é conhecido como “mago do espumante sul-americano”.
ABE faz brinde ao Enólogo do Ano. Foto: Jefferson Soldi Alejandro Cardozo, sócio da EBV – Empresa Brasileira de Vinificações – é o Enólogo do Ano de 2021 – Foto: Jefferson Soldi