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Cinema com ela
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Sensacionalismo ultrapassa trama necessária em “Som da Liberdade”

Longa estrelado por Jim Caviezel deveria ter mais responsabilidade ao falar sobre questões tão importante e delicadas

Tamires Rodrigues

20/09/2023 22h00

Atualizada 21/09/2023 17h15

Foto: Divulgação/Paris Filmes

Com estreia marcada para a próxima quinta-feira (21), “Som da Liberdade” estrelado por Jim Caviezel, vem chamando atenção desde sua estreia nos Estados Unidos, o longa que se vende como uma biografia do ex-agente dos EUA Tim Ballard, deveria retratar um dos assuntos menos representados em Hollywood o tráfico, abuso psicológico e sexual de crianças. Contudo usa o sensacionalismo desenfreado como regra da trama.

Na história, depois de resgatar um garotinho, Tim Ballard (Jim Caviezel) descobre que a irmã do menino também está sendo mantida como refém. Ele decide, então, dar início a uma perigosa missão para salvá-la. Disposto a dar tudo de si, Tim se demite de seu antigo emprego no Governo e viaja para a Colômbia em busca de uma grande quadrilha de tráfico de crianças.  

Em relação a questões cinematográficas o longa peca em vários pontos, principalmente em sua montagem o diretor Alejandro Monteverde que deixa furos consideráveis, dividido em quatro atos, o filme se debruça a colocar o papel do protagonista como um herói americano, esquecendo que o protagonismo deveria ser única e exclusivamente das crianças representadas em tela. 

Foto: Divulgação/Paris Filmes

O foco para o personagem de Jim Caviezel e tanto que a própria tonalidade da luz muda quando entra em cena esse justiceiro que esquece a própria vida para resgatar essas crianças sequestradas. O sensacionalismo aparece até na trilha sonora do longa, com músicas que lembram sacralidade. O roteiro que apela para o emocional do espectador entrega diálogos condizentes com frases de efeito como “Filhos de Deus não devem isso ou aquilo”. 

Em relação a temática abordado no filme do tráfico e exploração sexual de crianças, o filme não desenvolve a questão psicológica, ou seja salvei sua vida, agora tudo está ok, isso se coloca como exemplo até no título escolhido “Som da Liberdade”, que é o som que essas crianças fazem após serem resgatadas, deixando de lado todas as marcas que vão acompanhar elas pelo resto da vida, o longa não propõe nenhuma menção sobre o questionamento do pós resgate, frisando mais uma vez que o que importa é colocar o protagonista em destaque como um salvador bondoso e desinteressado. 

Foto: Divulgação/Paris Filmes

E para provar qualquer possibilidade do filme não levar a sério a questão do tráfico e exploração infantil o próprio ator Jim Caviezel aparece em uma cena pós crédito, explicando sem explicar muito o atraso do lançamento da produção, além de fazer um pedido para doações por meio de QR Code para compra de ingressos para todos conseguirem assistir ao longa, esse ponto também faz parte de outra polêmica lá fora, pois mesmo com essas doações as salas de cinema continuam vazias, porém o filme já faturou mais de 125 milhões de dólares somente com o lançamento nos EUA, essa campanha de arrecadação de ingressos deveria ser voltada para as próprias crianças ou para o combate de tráfico e exploração sexual infantil.  

Conclusão

“Som da Liberdade” entrega um clichê que tenta colocar o seu protagonista como um salvador dos pobres e oprimidos sem responsabilidade com as vítimas apresentadas em tela, o longa apresenta questionamentos sem profundidade e transborda de sensacionalismo com frases prontas para atingir o emocional do espectador. 

O tráfico e exploração sexual de crianças é um problema mundial que deve ser representado com todo o cuidado e sem aproveitamento para terceiros, e isso não acontece na produção.

Confira o trailer:

??Ficha técnica:

Direção: Alejandro Monteverde;

Roteiro: Rod Barr, Alejandro Monteverde;

Elenco: Jim Caviezel, Mira Sorvino, Bill Camp, Kurt Fuller, Gary Basaraba, José Zuñiga, Gerardo Taracena, Scott Haze, Eduardo Verástegui, Javier Godino, Gustavo Sá; 

Gênero: Drama, Biografia;

Distribuição: Paris Filmes;

Duração: 131 minutos;

Classificação Indicativa: 16 anos;

Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço/Z

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