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Ciência da Psicologia
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A importância das funções executivas (parte 1)

Em meio a tantas funções presentes nesta parte do corpo, uma que gostaria de destacar é a executiva. Confira a seguir

Demerval Bruzzi (CRP 01/21380)

26/09/2023 9h53

Imagem ilustrativa

O cérebro é um elemento fundamental para a vida de uma pessoa. Responsável pelo controle que temos sobre nosso próprio comportamento e autonomia. Em meio a tantas funções presentes nesta parte do corpo, uma que gostaria de destacar é a executiva.

De forma mais simples, podemos dizer que as funções executivas são as habilidades cognitivas que nos permitem controlar e regular nossos pensamentos, emoções e ações diante de conflitos ou distrações. Mas trata-se, na verdade, do mais complexo aspecto da cognição humana. Graças às funções executivas, somos capazes de nos orientarmos ao alcance de objetivos, nos regulando, organizando, planejando e monitorando nossos comportamentos, emoções, etc.

Assim, desenvolvemos adequada capacidade de manipular mentalmente novas e antigas ideias, de forma nos permitir uma adaptação rápida e flexível aos mais diversos tipos de ambiente, resistindo a impulsos, mantendo o foco, planejando o futuro e prevenindo e/ou minimizando os novos desafios.

Tal capacidade se faz necessária para garantir nossa sobrevivência, já que nosso cérebro tende a usar de padrões a fim de economizar energia, mantendo tudo o que pode à mercê dos processos automáticos. Assim, as funções executivas diretamente ligadas à flexibilidade cognitiva é que permitem nossa adaptação às mais diversas situações e desafios, acionando sempre que necessários os processos controlados.

A origem das funções executivas data de cerca de 100 anos, quando neurocientistas procuravam entender o funcionamento do lóbulo frontal, o chamado córtex frontal. Mas é o psicólogo soviético Alexander Luria o primeiro profissional lembrado por suas contribuições para o estudo das funções neurológicas. De acordo com Luria, os lobos frontais são uma espécie de aparatos essenciais para a organização das atividades intelectuais como um todo. E neste caso, inclui-se a coordenação de ações inteligentes, bem como a avaliação de seus resultados.

Luria é considerado por muitos o primeiro cientista que descreveu aquilo que hoje conhecemos como funções executivas, mesmo não usando este termo à época. Mas foi graças ao estudo da psicologia cognitiva que o conceito tomou corpo em proporções globais. Foi na metade do século XX, com o estudo da memória, que, devido à curiosidade de diversos pesquisadores em investigar o funcionamento cognitivo humano em tarefas complexas, o conceito se firmou. Assim, consolidou-se um conceito de um “executivo central” responsável por resolução de problemas, compreensão da linguagem e aprendizagem a longo prazo.

Atualmente, sabemos que o executivo central não é parte do cérebro, mas sim um conceito científico, que, por sua vez, envolve a interação de uma série de diferentes habilidades, como, por exemplo, organizar as milhares de rotinas de processamento cognitivo de informações.

Outro processo de fundamental importância é o de atenção. Mas foi a partir do ano de 1982 que o conceito virou significado de habilidade de firmar metas e planejar e executar atividades e tarefas de maneira mais eficaz, características indispensáveis para o sistema autônomo.

Atualmente, descrevemos as funções executivas como uma tríade, pois executivas são responsáveis por coordenar e integrar o espectro da tríade neurofuncional da aprendizagem:

  • Memória operacional;
  • Controle inibitório; e
  • Flexibilidade cognitiva.

As funções executivas, portanto, estão inteiramente ligadas a uma série de atividades, tal qual o seu desenvolvimento é indispensável para uma vida regular e sem problemas.

Na próxima semana, vamos nos aprofundar um pouco mais nesta área — que é a queridinha dos neuropsicólogos — e falar um pouco dos transtornos associados às funções executivas.

Até a próxima!

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