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Analice Nicolau
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“Tive certeza de que queria fazer algo diferente”, afirma Ana Júlia Kiss, ex-CEO da Adecol e fundadora da Humora

Analice Nicolau

27/12/2023 14h00

“Tive a certeza de que queria fazer algo diferente”, afirma Ana Júlia Kiss

A paulistana Ana Júlia Kiss desde criança foi preparada para assumir o cargo de seu pai, o de CEO da indústria química Adecol, no entanto, decidiu vender a empresa em 2017, tirar um ano sabático em 2020 e depois fundar a sua própria empresa em 2022. Graduada em Administração pela FGV-EAESP e com um MBA em Gestão Industrial, Ana quer contribuir com o bom humor e bem-estar da população.
Na Adecol, a profissional começou como estagiária do setor financeiro, comercial e de laboratório, sendo este último o que considera o coração da indústria química produtora de adesivos: “Ali eu conheci, de fato, a estrutura do produto que eu vendia, e me apaixonei pelo negócio e processo. Descobri que a cola vai em todos os produtos que imaginamos e o quão necessário era a empresa no mercado”, conta Ana.

Ana Júlia Kiss vende, em 2017, a Adecol para o Grupo H.B. Fuller

Com a chegada de Ana Júlia aos 28 anos como CEO, o faturamento da Adecol passou de 8 milhões de dólares americanos em 2005 para 55 milhões em 2017, até que no mesmo ano decidiu vender a empresa para o grupo H.B. Fuller. Ana continuou trabalhando no orçamento da empresa, só que agora não como líder e com a empresa tendo um orçamento de 110 milhões de dólares americanos: “No início, foi difícil me adaptar à ideia de que não era mais a líder e que meus planos para a companhia precisariam ser aprovados por outras pessoas. Aos poucos, fui me adaptando, e essa transição foi extremamente importante para mim, não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente. É incrivelmente gratificante ser reconhecida e receber essa responsabilidade. Comecei a enxergar o mercado de forma diferente”.
Ana Júlia relata ainda que antes de tomar suas próprias decisões como gestora da Adecol, no tempo em que ela iniciava no cargo o seu pai era o mentor por trás das ideias que ela executava: “Onde quer que eu vá, costumo dizer que meu pai e eu sempre fomos uma dupla; ele era o Batman e eu, o Robin. Posso afirmar, com total certeza, que aprendi muito com ele, e hoje as coisas se inverteram. Meu irmão é o Robin, e eu sou o Batman, ou melhor, a Batgirl. Ou seja, agora ocupo o papel de mentora”, brinca.

Ano sabático e morar em motorhome foram as escolhas de Ana Júlia Kiss para se autodescobrir

Após ficar cerca de 3 anos como funcionária da H.B. Fuller, Ana Júlia se desligou da empresa em 2020 para tirar um ano sabático, para se autodescobrir profissionalmente e pessoalmente enquanto morava em um motorhome. No decorrer de seu ano sabático, ela se tornou investidora-anjo de startups com foco em mulheres, seja em projetos voltados a elas ou tendo elas em cargo de liderança. Nesse período, Ana descobriu negócios que estão em alta no mundo, como os medicamentos feitos à base de canabis e se questionou do motivo de não os trazer para o Brasil: “Vivi experiências maravilhosas e, durante esse processo, tive certeza de que queria fazer algo diferente. Me deparei, lá fora, com um universo de cannabis com horizonte incrível para ser explorado. Vi que em outros países problemas habituais como insônia e depressão, por exemplo, são tratados com canabidiol e tem dado certo. Por que não trazer esse conhecimento para os brasileiros? ”
Foi a partir desse descobrimento e questionamento que Ana teve a ideia de criar, em 2022, a Humora, startup estadunidense-brasileira, que promove o acesso da população ao uso medicinal da cannabis. Os medicamentos que são produzidos na Califórnia (Estados Unidos) são importados no Brasil com autorização da ANVISA e podem ser utilizados para diversos fins, como para a TPM, imunidade, libido, sono, esgotamento e reparação física, desde que com prescrição médica.

Humora, empresa de medicamentos à base de cannabis, é fundada por Ana Júlia Kiss

“Sei que o assunto ainda é envolto em preconceito, mas também entendo os benefícios que a substância pode trazer para a saúde e o bem-estar. Enquanto a cannabis não é descriminalizada aqui no Brasil, o papel da nossa empresa é tornar o acesso menos burocrático, seguindo as leis do país. Queremos mostrar que não é tão difícil quanto parece adquirir esses produtos com a autorização dos órgãos regulamentadores”, comenta a fundadora da empresa.
Com o objetivo de alcançar faturamento mensal de R$ 100 mil até o final de 2023 e de quintuplicar esse valor no próximo ano, atingindo R$ 500 mil em 20254, Ana Júlia discorre também sobre outros objetivos da empresa: “Essa causa, eu abracei e quero, acima de tudo, contribuir, por meio da cannabis, para que as pessoas cuidem do seu humor e bem-estar no cotidiano”.

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