Telma Abrahão, biomédica, especialista em Neurociência e Desenvolvimento Infantil, autora de dois best-sellers (“Pais Que Evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”) e pioneira em unir a educação dos filhos à ciência, avisa que as comemorações de fim de ano têm significados diferentes para as crianças do que para pessoas de outras idades, visto que para essas pessoas, as festas são uma oportunidade de reencontrar familiares e amigos, conversar, se divertir e trocar presentes, enquanto que para as crianças essas pessoas de fora do seu círculo de convívio diário são estranhos.

Telma Abrahão explica sobre comportamento infantil
“Muitos pais forçam os filhos a beijar e abraçar um tio ou primo distante nesses encontros, contra a vontade deles, o que faz com que o pequeno se sinta desrespeitado. O que muitos interpretam como vergonha ou falta de educação, é, na verdade, desconforto e desconfiança natural diante de algo novo”, alerta Telma Abrahão, que explica também que se as crianças não convivem diariamente com alguém, elas considerarão essa pessoa como uma estranha, não importando o grau de parentesco ou nível de amizade com os pais/responsáveis legais ou com quem cuida da criança.

Autora dos best-sellers “Pais Que Evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência” dá dicas sobre educação das crianças
Telma também complementa que isso não ocorre apenas em encontros familiares, que acontecem também em uma outra situação muito típica do final do ano: os pais pegarem grandes filas para levarem seus filhos para tirarem fotos com o bom velhinho em shoppings, mesmo que os filhos não tenham essa vontade: “Diversas crianças têm medo de Papai Noel e mesmo assim são pressionadas a sentar em seu colo e abraçá-lo. Elas choram, gritam e ainda levam bronca por fazer ‘escândalo”.
De acordo com a especialista, uma forma de tornar esses encontros de fim de ano calmos e sem traumas é apresentar as crianças à essas novas pessoas, mas sem obrigá-las a demonstrar um carinho que elas não possuem ainda. “Acolher os medos e desejos das crianças é extremamente importante para que ela se sinta à vontade para expressar o que sente e aprenda a dizer não em situações em que se sente ameaçada. Os laços com outras pessoas devem ser criados e fortalecidos de forma natural, respeitando o tempo e limites da criança”, conclui Telma.