Em entrevista ao jornalístico Primeiro Impacto, do SBT, nesta quinta-feira (04), o padre Júlio Lancellotti comentou sobre o pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), protocolado em 6 de dezembro de 2023, para investigação de ONG’s que prestam serviços de solidariedade às pessoas em situação de rua.
“Nós não fornecemos utensílios para a utilização de entorpecentes. A nossa ação é uma ação da Pastoral de Rua, agora alimentar, eu pergunto: a gente deve deixar as pessoas dependentes químicas morrerem fome? Seria uma forma de resolver o problema? Matá-los de fome, privá-los de alimentação, ou só garantir o direito a eles se alimentarem se eles entrarem em um determinado esquema? Acho que existe uma questão humana que deve ser norteadora de todas as ações, nem na guerra a gente pode privar os prisioneiros de guerra de alimentação e de água”, declarou o padre Júlio Lancellotti.
Questionado pelo repórter Marcelo Bittencourt, se deveria se combater os traficantes para evitar o fornecimento de drogas para essas pessoas que já com dependência química, o padre respondeu que esta poderia ser uma maneira, mas que acima dos traficantes, o pensamento tem que ser no tráfico enquanto crime organizado, em como as drogas conseguem chegar à locais onde há um cerco policial.
Já sobre a legalidade e o desejo de adiantamento da CPI, o padre Júlio afirmou: “É um pedido legítimo, porque faz parte dos instrumentos da Câmara Municipal instalar CPI’s. Se a Câmara entender, não somos nós de fora que vamos interferir. A Câmara sabe aquilo que é necessário, tem os instrumentos e é o papel deles, é o papel legítimo, eles foram votados, são um poder constituído, que deve ser respeitado”. Embora seja legítimo, o padre Júlio disse também que recebe a CPI com tranquilidade, já que a investigação é sobre a atuação das ONG’s e ele não tem e não participa de nenhuma, além de não receber dinheiro público.
“Eu penso que há uma lógica. Quem está do lado dos rejeitados, vai ser rejeitado. Quem está do lado dos desprezados, vai ser desprezado também. Eu sei disso. Sei dessa lógica. E sou seguidor de um crucificado ressuscitado. Existe inúmeros embates, nós vivemos em um conflito, as relações muitas vezes são conflitivas, como nesse momento. É um conflito que se estabelece de interesses, de posições e tudo mais. Eu penso que se você está em uma guerra, você vai ser alvejado. E a gente tem que enfrentar com serenidade, com tranquilidade, tornando as coisas todas claras e respondendo a todos os questionamentos”, afirmou o padre Júlio Lancellotti sobre ter seu nome ligado a CPI.