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Analice Nicolau
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“Será que é por acaso?”: Eliane Castanhêde comenta ranking onde jornalistas mulheres aparecem entre as mais atacadas na internet

A comentarista da Globo News traça relação entre o atual governo de Jair Bolsonaro em relação aos ataques sofridos por comunicadoras durante a campanha eleitoral

Analice Nicolau

16/09/2022 10h01

A jornalista Eliane Castanhêde comentou, durante o jornal “Em pauta”, da Globo News, transmitido na última quarta-feira (14), o ranking dos jornalistas mais atacados na internet durante o período eleitoral, divulgado pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em parceria com Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), onde, dos cinco que aparecem no topo da lista, quatro são mulheres.

Segundo o resultado do monitoramento realizado a partir de 16 de agosto, entre os cinco jornalistas que mais receberam postagens com conteúdos ofensivos durante o período monitorado, estão Vera Magalhães (26.706), Miriam Leitão (3.832), William Bonner (1.650), Andréia Sadi (1.550) e Eliane Cantanhêde (1.468).

Sobre os ataques sofridos por profissionais da comunicação, Eliane Cantanhêde declarou que o exemplo precisa vir do governo. “É o exemplo que vem de cima, né gente? Porque quando você tem o principal líder político da nação, que é o Presidente da República, atacando jornalistas, isso vai decantando. E os liderados, os militantes bolsonaristas vão assimilando como uma autorização para também agredir os jornalistas”.

Além disso, a jornalista comentou o ranking de jornalistas mais agredidos na internet, onde a predominância de mulheres é majoritária. “Me chama muito a atenção, nessa lista dos cinco mais atacados do Repórteres Sem Fronteiras que, dos cinco, só um é homem. Todas as outras somos mulheres. Será que é por acaso? Ou será que é uma prática comum do Presidente Jair Bolsonaro, dos filhos do Presidente Jair Bolsonaro, e dos bolsonaristas mais próximos?”.

E prosseguiu: “É aquela questão, né: não é um problema da Vera, da Míriam, do William, da Andréia Sadi e da Eliane Cantanhêde, isso é um problema do nosso país. Diz respeito à liberdade de expressão, à liberdade de você ter a informação com independência, uma informação com liberdade, e, portanto, é um ataque à Democracia”.

Cantanhêde também aparece em outra pesquisa sobre ataques a jornalistas. “Eu lembro que há também outras pesquisas semelhantes, do Mídia Lab, por exemplo, em parceria com a ONG As Mina, que pesquisaram 200 jornalistas, homens e mulheres, oito mil posts e, nesse caso, eu fui a jornalista mais atacada. E um detalhe: entre os dez mais atacados, a grande maioria era mulher. O que é que está acontecendo?”.

Sobre o recente ataque à jornalista Vera Magalhães pelo presidente Jair Bolsonaro, durante o debate na TV Bandeirantes, em 28 de agosto, Eliane traz à tona o tom sexual em que as agressões foram proferidas. “Quando você vê os ataques do Presidente Jair Bolsonaro contra a Vera Magalhães, por exemplo, tem um viés também sexual. ‘Por que essa obsessão em mim?’, ‘parece que você sonha comigo todo dia’. Foi exatamente assim que o Carlos Bolsonaro, que é o filho ‘02’ do presidente, vereador do Rio de Janeiro, me atacou no Twitter. Do nada, ele pergunta: ‘Eliane Cantanhêde, que obsessão é essa que você tem em mim?’. E depois ele continuou insistindo: ‘Você vai contar os detalhes picantes dos seus sonhos comigo?’”.

A comentarista do “Em Pauta” disse que a postura que o vereador Carlos Bolsonaro teve para com ela não é uma atitude de desrespeito apenas com ela, mas com todas as mulheres, com todas as jornalistas, com toda a categoria de jornalistas, e, portanto, contra o direito da boa informação.

“Portanto, o que se espera agora é o Presidente da República pedindo paz, pedindo para que os bolsonaristas militantes não assassinem os adversários, que não ataquem os jornalistas, que não ataquem as mulheres e que não ataquem a Democracia Brasileira. É isso que se espera de um Presidente da República, quando as instituições funcionam, quando a Democracia funciona”, finalizou Eliane.

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