Muitas pessoas optam por realizar múltiplos procedimentos cirúrgicos em uma única sessão, visando otimizar o tempo de recuperação e obter resultados mais completos de uma só vez. Segundo o especialista, realizar mais de um procedimento durante a mesma operação pode ser vantajoso em alguns casos, pois isso reduz o número total de anestesias a que o paciente será submetido e diminui o tempo de recuperação geral. Além disso, o custo também tende a ser mais atrativo, visto que o paciente paga por uma única sessão cirúrgica e internação hospitalar. “O paciente pode se recuperar de todos os procedimentos ao mesmo tempo, o que pode ser mais conveniente e eficiente”, explica Dr. Montedonio.
No entanto, o cirurgião plástico Dr. Josue Montedonio alerta para os riscos associados a procedimentos múltiplos. O tempo cirúrgico prolongado, por exemplo, eleva as chances de complicações como trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar, infecção e hipotermia. “Cirurgias que ultrapassam cinco ou seis horas aumentam exponencialmente o risco cirúrgico a cada hora adicional”, destaca. Isso se deve ao fato de que a permanência prolongada sob anestesia pode impactar o sistema cardiovascular e respiratório do paciente, além de elevar o risco de infecção e comprometimento da cicatrização.
Outro fator de preocupação é o aumento da perda sanguínea e a possibilidade de necrose tecidual, que ocorre devido à manipulação excessiva de tecidos. “Cada área operada demanda atenção cuidadosa para evitar danos e garantir uma cicatrização adequada”, acrescenta o cirurgião.
O sucesso de uma cirurgia combinada depende de uma avaliação minuciosa do estado geral de saúde do paciente. “O ideal é que o paciente esteja próximo ao peso ideal, não apresente comorbidades, como hipertensão e diabetes, e não seja fumante”, orienta Dr. Montedonio. Além disso, é essencial que o paciente tenha um estilo de vida ativo e saudável, fatores que contribuem significativamente para uma recuperação mais rápida e eficiente.
O cirurgião também ressalta que não há um número exato de procedimentos que podem ser realizados simultaneamente, mas que tudo depende da complexidade de cada cirurgia, da habilidade do cirurgião e da sincronia da equipe médica. A recomendação geral é que, em casos de pacientes com saúde debilitada ou procedimentos mais complexos, o ideal seja dividir as cirurgias em etapas, garantindo maior segurança.
Em cirurgias combinadas ou prolongadas, o monitoramento constante é essencial. “É imprescindível ter uma equipe coesa, composta por cirurgião, anestesista e enfermeiros experientes. Cada profissional deve estar atento a sinais vitais como frequência cardíaca, pressão arterial e nível de oxigenação”, detalha. Ele ainda menciona o uso de tecnologias como o eletroencefalograma para monitorar o nível de consciência do paciente, evitando complicações decorrentes do excesso ou da insuficiência de anestésico.
O pós-operatório é uma fase importante para evitar complicações. Dr. Montedonio sugere seguir rigorosamente as orientações médicas, usar malha cirúrgica e meia elástica, quando necessário, e iniciar a mobilização precoce. O uso de anticoagulantes, conforme orientação médica, é essencial para prevenir a formação de coágulos. Ele ainda adverte sobre a importância de não comparar a recuperação com a de outros pacientes. “Cada indivíduo possui um tempo específico de recuperação, e comparar pode levar à frustração”, pontua.
A decisão de realizar cirurgias combinadas deve ser tomada com cautela e em conjunto com um cirurgião experiente, levando em consideração fatores como saúde geral do paciente, expectativa em relação aos resultados e disponibilidade para o pós-operatório. Em última análise, o foco deve sempre ser a segurança e o bem-estar do paciente. “Em muitos casos, optar por dividir os procedimentos em etapas pode ser a escolha mais segura e oferecer um resultado mais satisfatório a longo prazo”, conclui Dr. Josué Montedonio.